Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) apelaram ontem ao Governo para que estenda a “sensatez” da suspensão da privatização da TAP ao idêntico processo lançado no maior construtor naval português.
“Com esta decisão, o Governo deu um sinal de sensatez porque a TAP é uma empresa estratégica, tal como são os ENVC. Esperamos, porque ainda estão a tempo, que repensem a decisão anterior e suspendam também a reprivatização dos estaleiros em função desse interesse”, disse à agência Lusa o porta-voz da comissão de trabalhadores.
Segundo António Costa, as duas empresas, além de “estratégicas”, enquadram-se no processo de “reindustrialização” do país, definido pelo ministério da Economia.
O Governo decidiu ontem, em Conselho de Ministros, não vender a transportadora aérea nacional ao grupo Synergy, de Gérman Efromovich.
“A decisão sobre a TAP devia ser extensível aos ENVC como forma de relançar a atividade marítima em Portugal, porque continuamos a fretar navios ao estrangeiro”, apontou ainda o representante dos trabalhadores.
Fonte governamental explicou hoje à agência Lusa que a decisão sobre o vencedor da reprivatização dos ENVC ainda não foi tomada. Contudo, há poucos dias, o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, admitiu uma decisão “até final do ano”.
“Obviamente que esta incerteza mexe com os trabalhadores. Está em causa o futuro da nossa empresa, dos nossos postos de trabalho, e a ausência de notícias está a gerar muita angústia”, apontou, por seu turno, António Costa.
Na corrida à compra de 95 % do capital social dos estaleiros, com propostas vinculativas apresentadas em novembro, estão os brasileiros da Rio Nave e os russos da JSC River Sea Industrial Trading.
A 08 de novembro, o Governo recebeu a avaliação técnica realizada pela Empordef – holding pública das indústrias de Defesa – sobre as duas propostas, ambas salvaguardando os cerca de 630 postos de trabalho atuais dos ENVC.
Por sua vez, a 15 de novembro, foi igualmente enviada aos ministérios das Finanças e da Defesa uma avaliação, realizada pela comissão de fiscalização, garantindo o cumprimento dos critérios de transparência no processo.
Desde essa data que a decisão sobre o futuro dono dos ENVC está nas mãos do Governo, devendo ser tomada em Conselho de Ministros até final do ano e ratificada depois em assembleia-geral da empresa, detida totalmente pela Empordef.
Comentários: 0
0
0