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Alto Minho

Região com meia centena de lobos mas metade das alcateias são frágeis

30 Maio, 2013 - 08:40

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O Alto Minho contará atualmente com seis alcateias, metade destas frágeis, e cerca de 50 lobos, o que leva um investigador a defender uma maior aposta em medidas de proteção do gado.

O Alto Minho contará atualmente com seis alcateias, metade destas frágeis, e cerca de 50 lobos, o que leva um investigador a defender uma maior aposta em medidas de proteção do gado.

“Os proprietários pecuários, muitas vezes, já estão um pouco desabituados do lobo, não aplicam as medidas de minimização mais convenientes e isso acaba por resultar num impacto de predação bastante grande”, explicou à Lusa o investigador Francisco Álvares.

Aquele biólogo integra o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto e há cerca de 20 anos que monitoriza a presença do lobo na região do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

No distrito de Viana do Castelo, acrescentou, existirão nesta altura três alcateias estáveis, na zona do PNPG e cada uma com dez a doze indivíduos, distribuídas entre as serras do Soajo e de Castro Laboreiro.

Acrescem outras três alcateias, estas “mais frágeis” e com apenas cerca de cinco indivíduos cada, na zona mais próxima o litoral, entre Paredes de Coura e a serra d’Arga.

“Mas estas muito mais instáveis e sujeitas à forte perseguição humana, sem uma reprodução regular”, sublinhou o investigador.

Com estes números, mais do que o “necessário” pagamento “atempado” das indemnizações compensatórias dos ataques do lobo a animais de criação, previstas na lei e recorrentemente alvo de críticas das populações devido ao atraso, Francisco Álvares defende um investimento em medidas preventivas e no reforço da reintrodução de presas silvestres como o corso e javali.

Com a utilização de cães de gado e cercas elétricas, assim como a presença física de pastores, garante ser possível “diminuir os prejuízos” destes ataques e evitar o pagamento de indemnizações por parte do Estado, que anualmente ascendem a mais de 700 mil euros.

“Por estranho que pareça, há rebanhos sem pastores e isso é algo que não é normal”, acrescentou Francisco Álvares, à margem de um colóquio sobre a presença do Lobo no Alto Minho, realizado hoje em Arcos de Valdevez.

O evento pretendia sensibilizar a população para o tema, sobretudo face à “complexa relação” mantida no terreno entre o Homem e aquela espécie, e foi organizado pela Associação de Conservação do Habitat do Lobo Ibérico (ACHLI), tendo reunido mais de meia centena de pessoas, nomeadamente presidentes de Juntas de Freguesia da região.

Segundo dados avançados à Lusa, em março último, pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), durante o ano de 2012 foram contabilizados oficialmente 58 animais atacados por lobos só nos concelhos de Paredes de Coura e Arcos de Valdevez.

Em todo o continente nacional, o Lobo Ibérico, espécie protegida em Portugal desde 1988 e considerada em risco de extinção desde 1990, contará com 63 alcateias e 300 indivíduos.

No entanto, recorda Francisco Álvares, estes números têm perto de dez anos e durante este período, à exceção do programa de monitorização no Alto Minho, não foi realizado qualquer censo nacional à presença do lobo em Portugal.

Na PNPG, uma das principais áreas de concentração da espécie em Portugal, menos de 10% dos criadores de gado registaram ataques dos lobos nos últimos anos, indicam os dados mais recentes divulgados neste colóquio.

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