Paredes de Coura: Vítor Pereira sublinha importância de ‘ser de esquerda’ no congresso vegetariano

“Ser de esquerda é termos a capacidade de sairmos do centro das nossas convicções, de estarmos propensos à mudança e respeitarmos os outros”. Ao seu estilo, o presidente da Câmara de Paredes de Coura deu assim o pontapé de saída ao Congresso Internacional ‘Paredes de Coura Vegetariana’. Ao longo deste sábado e domingo, conferências, debates e filmes vão procurar elucidar os participantes como ‘comer para um mundo melhor’, partindo do princípio que ser vegetariano é sobretudo uma forma diferente de ver o mundo.
“O que nós queremos aqui em Paredes de Coura é que seja criado um ambiente onde as pessoas possam pensar, sentir e até agir de maneira diferente”, sublinhou Vítor Paulo Pereira. “Uma vez perguntaram-me o que era ser de esquerda. Eu sou de esquerda mas acho que não é isso que me torna melhor pessoa”, salientou. “Se não sabemos o suficiente para sermos intolerantes, devemos centrar a nossa reflexão neste congresso que tem a ver com escolhas alimentares. Devemos estar dispostos a pensar a mudança. Não quero com isto dizer que vamos criar aqui um ambiente hostil, até porque não era nada de esquerda estar a hostilizar a cultura dominante. As pessoas falam muitas vezes em alternativas e o que nós queremos é que surjam alternativas àquilo que exista”, concluiu o autarca.
Da esquerda, o discurso ‘saltou’ literalmente para a direita. “Deus perdoa sempre e os homens às vezes, mas a natureza nunca perdoa”. As palavras do Papa Francisco foram escolhidas pelo Secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar para o arranque deste encontro. Nuno Vieira e Brito garantiu que o Ministério da Agricultura está a trabalhar “intensamente em várias áreas que se preocupam com a sustentabilidade. Mesmo em momentos particularmente difíceis, Portugal tem de ter – e tem – uma profunda imagem relacionada com segurança alimentar, com sustentabilidade e com a intenção de olharmos para a diversidade do país”. De acordo com o governante, Portugal é hoje o segundo país do mundo com maior biodiversidade nestes setores. “Isto dá-nos uma riqueza extrema e a responsabilidade de a aproveitarmos da melhor forma e no melhor contexto. Todos nós, dentro das nossas opções, procuramos uma dieta sustentável. A sustentabilidade é uma palavra que tem estado cada vez mais na moda. A sustentabilidade que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) procura hoje é de baixo impacto ambiental e que contribua para elevados padrões de segurança alimentar e de saúde de gerações futuras”, apontou Nuno Vieira e Brito que defende o “caminho da capacidade de combinar segurança alimentar e a área da saúde com boas práticas e reduzido impacto ambiental” como principal via a ser seguida.
O objectivo deste Congresso Internacional ‘Paredes de Coura Vegetariana’ é analisar a fundo as diferentes áreas que são afectadas pelas nossas escolhas alimentares e os problemas por estas causados e perceber de que forma poderemos promover uma sociedade e uma economia mais éticas e mais saudáveis para o planeta e os seus habitantes.
A atriz e realizadora Sandra Coias, o ator Heitor Lourenço, bem como Alexandra Teixeira da Universidade do Porto, Luísa Agante da Universidade Nova de Lisboa e Jorge Ribeiro da Associação Vida Animal, assim como o ‘vegetarian butcher’ e empresário do ano 2015 Jaap Korteweg, Anna Mulà da Franz Weber Foundation e Marianne Thiem do Parlamento da Holanda são algumas das personalidades que vão marcar presença nesta iniciativa.
O Congresso destina-se a todas as pessoas que demonstrem interesse no tema “escolhas alimentares”, em especial aquelas que pretendam identificar oportunidades de desenvolvimento económico e social na região ou no resto do país, através de uma abordagem integrada e multi-disciplinar.