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Paredes de Coura

Paredes de Coura: Deputado do PSD deixou PS a ferver com discurso sobre manipulação de concursos

20 Dezembro, 2014 - 09:46

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Bancada socialista acusou José Augusto Caldas de “atentado ao poder e ao carácter”.

Um discurso sobre a possibilidade de manipulação de resultados de obras a concurso foi um dos temas mais quentes da Assembleia Municipal de Paredes de Coura, decorrida esta sexta-feira. No período dedicado à intervenção dos partidos políticos, o deputado pelo PSD José Augusto Caldas apelou ao presidente da Câmara para manter a transparência. “Eu não tenho a certeza absoluta de que acontece aquilo de que vou falar. Se tivesse, o caminho teria de ser outro, mas tenho muitas reservas”, alertou o deputado ‘laranja’. “Conheço o Sr. Presidente da Câmara e a sua família como sendo de trabalho, de rectidão, de honestidade e de companheirismo. Reconheço nele essas capacidades. Aquilo que venho aqui pedir é que ele mantenha esses traços nas decisões que tem a tomar”, disse José Augusto Caldas. “Numa análise que fiz a algumas das obras lançadas a concurso, houve um conjunto de resultados que podem levar a conclusões de que os concursos podem ser manipulados”, continuou. “A história de que os concursos e de que os concorrentes dos concursos concorrem todos por 60 por cento do preço base e que depois é o carácter diferenciador que vai escolher quem ganha… eu espero que isto seja uma mera suspeita e que não seja uma realidade”, finalizou.
As palavras do deputado do PSD causaram agitação à esquerda. A bancada socialista reagiu de imediato. Manuel Miranda desafiou mesmo José Augusto Caldas a retirar o que tinha dito. “Eu não queria acreditar no que estava a ouvir! Pelo que aqui demonstrou, insinuou que «há de facto ou pode haver». Para já não apresentou nenhum facto. Quando se fazem insinuações destas é preciso apresentar factos! Tem factos da vereação e da presidência do Dr. Vítor Paulo?”, questionou o deputado socialista. “Se tem, chamo-o aqui a expo-los. Se não, é melhor que venha aqui retratar-se publicamente! O que fez aqui foi um atentado ao poder e ao carácter!”, atirou Manuel Miranda.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Paredes de Coura não poupou críticas à postura da direita. “Em relação às insinuações que o deputado José Augusto fez, são novas. E isto também mostra uma nova maneira do PSD estar na Assembleia Municipal. Nunca os vi aqui a fazer insinuações em relação ao antigo presidente [da Câmara]”, disse Vítor Pereira. “São insinuações infelizes, subreptícias, maliciosas e sem fundamento nenhum! Na questão da contratação pública, eu não me meto! São os técnicos e há um júri independente”, sublinhou o edil socialista. “Se eu quisesse fazer insinuações, então diria que quem está preocupado com os concursos e quem é o representante dos empreiteiros que perdem é o deputado José Augusto. Eu digo outra vez: sou pessoa honesta!”, vincou o autarca.
Na resposta aos dois socialistas, José Augusto Caldas lamentou a deturpação do discurso inicial. “Eu entendo que aquilo que eu disse esteja agora a ser manipulado por parte do PS para este dramatismo todo. Aquilo que eu disse não põe em causa nem o Sr. Presidente da Câmara nem a Câmara Municipal, mas põe em causa um conjunto de situações que se verificaram. É necessário um cuidado acrescido na elaboração dos preços base. É necessário, para evitar este tipo de leituras”, alertou o deputado social-democrata. “Não é normal aparecerem sistematicamente empresas a concurso onde quase todas dão 60 por cento do preço base. Foi o facto de eu não querer ver Paredes de Coura em nada parecido que alertei para haver um cuidado acrescido nessa matéria”, explicou José Augusto Caldas. “Não pus nem ponho em causa o Sr. Presidente da Câmara e os srs. vereadores da Câmara Municipal. Não o fiz. Não o quis fazer. Quis antes dar um alerta que agora está a ser levado para outro caminho”, prosseguiu o deputado. “Não houve intenção da minha parte de pôr em causa a Câmara Municipal. Houve sim, a intenção de alertar alguém que tem a obrigação de fazer os preços base, no sentido de os elaborar mais cuidadosamente”, rematou.
De referir ainda que nesta sessão foi aprovado por maioria o Orçamento da Câmara Municipal para 2015. O documento, que se situa nos 12,9 milhões de euros, apresenta valor semelhante ao do ano passado.

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