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Paredes de Coura

P. Coura: Senhora da pomada ‘milagrosa’ recebeu medalha de mérito do Município

11 Agosto, 2018 - 16:31

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Gracinda Maria da Rocha Pereira. Tinha apenas 18 anos quando começou a fazer uma pomada milagrosa. Depressa a fama desta curandeira se espalhou em Paredes de Coura. A notícia correu […]

Gracinda Maria da Rocha Pereira. Tinha apenas 18 anos quando começou a fazer uma pomada milagrosa. Depressa a fama desta curandeira se espalhou em Paredes de Coura. A notícia correu vales e prados. De boca em boca, espalhou-se pelo distrito e pelo país inteiro. Não tardou até aparecer gente vinda do estrangeiro à procura deste medicamento para as queimaduras que só a jovem sabia fazer. Esta sexta-feira, aos 80 anos de idade, foi agraciada com a Medalha de Mérito do Município – grau ouro – por toda uma vida dedicada aos outros e pelo exemplo altruísta dado à comunidade. “Tem ajudado muitas pessoas… e isso é muito importante! E esta pomada não se trata de uma mezinha”, disse o presidente da Câmara, Vítor Paulo Pereira, perante um salão nobre da autarquia completamente cheio. “O que importa ressalvar da sua vida é o seu coração cheio! O tempo que passa a curar os outros! O respeito e o carinho pelo próximo”, enalteceu o edil courense de olhos postos em Gracinda Pereira, mais conhecida entre todos como Dona Cuca ou Tia Cuca. “É feliz quando vê alívio e paz naqueles que precisam de ajuda. Nunca tirou proveito económico do remédio que faz”, sublinhou Vítor Paulo Pereira. “É o exemplo perfeito do espírito de comunidade”, atestou.

 

Um cavalheiro inglês que sabia de ervas

 

Esta história, conforme contou a própria Tia Cuca à Rádio Vale do Minho antes de receber a medalha, começa em meados da década de 40 do século passado. “Apareceu por cá na vila um senhor inglês, muito cavalheiro e bem vestido. Era professor de Medicina no Porto”, iniciou Gracinda aos nossos microfones. “Perguntou se havia alguém que conhecesse bem a zona porque queria apanhar umas plantas para fazer remédios. Ele era muito amigo do meu pai. Ficava instalado na pensão de cá e eu lá decidi andar com ele um mês por ano a escolher as ervas”. Este ritual repetiu-se durante cerca de uma década. Só que um dia, o professor chegou com o rosto mais triste. Mais pesado. “Disse-me que aquele era o último ano que cá vinha. Queria deixar-me uma prenda tamanha para que nunca mais me esquecesse dele”, continuou a Tia Cuca que teve resposta pronta. “Ensine-me a fazer uma pomada”. O professor acedeu, mas com a condição da jovem nunca revelar a fórmula secreta a ninguém. O juramento foi quase cumprido. Gracinda Pereira optou por garantir a continuidade do legado. “Só o meu sobrinho é que a sabe. É farmacêutico”, explicou. De resto, mais ninguém sabe o segredo desta afamada pomada. “É feita à base de ervas. Faço-a sempre no fogão a lenha… à moda antiga”. E mais não revela.

 

“Eu não mereço esta medalha. São as mulheres de Coura que merecem!”

 

Sobre a medalha recebida, Gracinda Pereira quase que perde o sorriso. “Eu não mereço”, diz-nos em tom pleno de humildade. “Esta medalha não sou eu que a mereço. São as mulheres de Paredes de Coura! Somos todas nós que nos unimos para fazer o bem”, continua desta vez em tom mais firme. Questionada sobre o bem que fez durante todos estes anos, a Tia Cuca teve outra resposta pronta. “Faço porque faço. Nunca cobro nada. Não me sentia bem se não o fizesse! Sinto-me feliz a fazê-lo. Fico tão contente quando, depois de terem aplicado a pomada, olho para as pessoas e elas já não têm marcas”, terminou com um sorriso cheio a poucos minutos de receber uma das mais altas distinções do Município pelas mãos do presidente da Câmara e também do Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que marcou presença nesta cerimónia comemorativa do Dia do Concelho.

 

Gracinda Pereira recebeu Medalha de Mérito do Município – grau ouro

 

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