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Paredes de Coura

P. Coura: Ninguém esquece o grande incêndio na Câmara – Foi há 39 anos [c/FOTOS]

19 Maio, 2020 - 12:26

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Já lá vão quase quatro décadas, mas em Paredes de Coura ninguém esquece aquela noite de 19 de maio de 1981. Era quase meia-noite quando soou o alarme em toda a vila. O edifício dos Paços do Concelho estava a arder.

O povo acorreu em peso ao local. Os rostos começaram a ganhar expressões de incredulidade e de terror. As chamas saíam pelo telhado e estavam a consumir rapidamente a parte superior do edifício.

Eu estava em casa, com a minha família. A minha casa fica precisamente na rua em frente à Câmara. Era quase meia-noite quando demos pelo incêndio nos Paços do Concelho”, contou António Pereira Júnior, na altura já um dos funcionários mais antigos do Município. Seria eleito anos depois presidente da Câmara.

Sem pensar duas vezes, Pereira Júnior entrou dentro do edifício. Dirigiu-se ao local onde eram guardados os documentos mais importantes. “A partir do primeiro andar, começámos a atirar para a rua a documentação toda. Quer das finanças, quer do tribunal” que funcionava também naquele espaço.

 

Um cigarro mal apagado

 

O pânico começava a instalar-se. As pessoas começavam a sair à rua. No imediato, a multidão começou a ajudar os bombeiros. Todos a tentar evitar o que parecia já impossível.

“Havia muitos carros estacionados à volta da Câmara e as pessoas começaram de imediato a tirá-los de lá, mesmo sem a presença dos proprietários”. O edifício corria o risco de ruir e o cenário piorava a cada instante.

“Era assustador. As labaredas tinham já rebentado com o telhado, isto porque o fogo começou no primeiro andar. Era lá que funcionava o nosso tribunal e nesse dia tinha havido um julgamento”, continuou Pereira Júnior.

“A sala onde eram colocadas as testemunhas era um espaço quase todo revestido a madeira. Era uma zona onde era permitido fumar. Pensa-se que terá sido a ponta de um cigarro que terá despoletado o incêndio”.

 

Se fosse hoje, prejuízo rondaria um milhão de euros

 

Entretanto, o fogo crescia. Os bombeiros de Paredes de Coura, comandados por Romeu João de Carvalho (1928-1996), depressa deixaram de ser suficientes para enfrentar o monstro. Pediram apoio a corporações vizinhas.

“Tivemos de voltar a entrar na Câmara e retirar mais documentação que estava a deteriorar-se. Desta vez não eram as chamas, mas a água deitada pelos bombeiros”, prosseguiu Pereira Júnior. “A dado momento, a iluminação pública falhou. Eram as chamas do incêndio que iluminavam toda aquela zona”.

Na manhã seguinte, o cenário era desolador. Uma ferida enorme aberta no coração de Paredes de Coura. A autarquia fazia contas à vida e o valor dos prejuízos crescia a toda a velocidade.

“Se fosse hoje, estaríamos a falar de um prejuízo na ordem de um milhão de euros”, gizou o antigo presidente da Câmara. Sem contar com os originais de obras escritas que se perderam para sempre.

Mas o pior foram os danos causados na alma do povo. De cada munícipe. “Cada uma das entidades que funcionava naquele edifício teve de arranjar espaços para continuar a trabalhar”.

E assim correria a vida em Paredes de Coura nos quatro anos seguintes. Todos tiveram de sujeitar-se a uma descentralização enorme de serviços, com o incêndio a ser tema de conversa durante muitos meses em cada café. Em cada esquina.

A recuperação total chegou a 21 de setembro de 1985. Foi nesse dia que foram inaugurados os remodelados Paços do Concelho e também a Casa da Cultura. A cerimónia foi presidida pelo então Ministro da Cultura, António Coimbra Martins.

 

Veja a galeria de fotos [Cortesia Cecília Pereira / Grupo FB Paredes de Coura Terra Amada]

 

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