Despedidas, alguns aplausos e possíveis novos rostos a partir de outubro marcaram a última sessão da Assembleia Municipal de Paredes de Coura, na passada sexta-feira. De saída da bancada do PS estão nomes fortes como Manuel Miranda, Rosalina Martins e António Esteves. A bancada do PCP despede-se dos deputados Cláudia Soares e João Alves. Este último muito ovacionado nesta sessão após um discurso em que recordou bons e maus momentos nesta assembleia.
Do lado do PSD, não houve “lenços brancos”. Pelo contrário. O deputado José Augusto Caldas voltou a deixar a certeza de que continuará presente naquele órgão autárquico “mais atrás ou mais à frente”, conforme ditarem os resultados eleitorais. No entanto, o discurso do social-democrata ficou marcado por fogo cerrado apontado ao PS, desta vez assente na dificuldade do partido em formar listas em várias freguesias. “Eu tenho a esperança que estas eleições que se aproximam tenham sido as últimas em que tenha havido pressões quer para que se assine ou não as listas de determinado partido”, atirou José Augusto Caldas. “É um momento de reflexão que eu espero que não se repita. E posso dizer que presenciei telefonemas a dar conta dessas pressões por parte de algumas pessoas aqui presentes”, acrescentou sem citar quaisquer nomes.
Um cenário que, na visão do PSD, justifica “o número elevado de listas únicas que existem para as Assembleias de Freguesia”. “Quem tanto lutou pela democracia, não poderá obviamente ficar contente ao não existir uma alternativa só porque alguém foi limitado – direta ou indiretamente – na assinatura de determinada lista concorrente. Há demasiadas listas únicas a candidatar-se às Assembleias de Freguesia”, reiterou.
Na resposta ao deputado, o presidente da Câmara Municipal foi pragmático. “Nunca fiz coação sobre quem quer que seja. Há pessoas que nos são próximas e vão em listas adversárias, e fazem muito bem!”, referiu Vítor Paulo Pereira. “Não podem é dizer que o PSD não consegue fazer listas porque temos uma Câmara tenebrosa ou porque todos os políticos do PS são tenebrosos”, desferiu o candidato socialista à Câmara. “O sr. Deputado José Augusto já disse algumas das fragilidades do seu partido, mas eu acrescentou outra: Uma Câmara que governa bem e que trabalha muito, é uma Câmara que tem mais sucesso. Logo, torna-se mais difícil à oposição conseguir fazer listas”, concluiu.
A surpresa da noite veio das duas vereadoras do PSD, Helena Ramos e Janine Soares. Por ser a última sessão deste mandato, tiveram direito a palavras de despedida. Num discurso claramente em rota de colisão com o deputado José Augusto Caldas, ambas afirmaram que deixam as funções de livre vontade. “Foram quatro anos de trabalho com uma oposição construtiva. E nem sempre a oposição é feita de críticas ou de caminhos escolhidos”, disse a autarca social-democrata que chegou mesmo a ser apontada como cabeça-de-lista à Câmara de Paredes de Coura pelo PSD. No entanto, após vários episódios de ruptura com o partido a nível local e distrital, Helena Ramos parece estar hoje mais próxima do PS. “Não é por pressão que saio desta vida, mas sim por motivos pessoais e profissionais”, clarificou a vereadora.
No final da Assembleia Municipal, Helena Ramos deixou aos microfones da Rádio Vale do Minho ainda mais nítida a simpatia pela atual gestão socialista. “Quando as coisas estão bem, talvez não se deva mexer”, disse a autarca, escusando-se a fazer mais quaisquer comentários.
Janine Soares, que substituiu Décio Guerreiro a meio do mandato, também chocou de frente com as palavras do deputado do PSD. “Estas funções foram uma estreia para mim. Não tinha qualquer experiência a este nível”, lembrou. “Enalteço sobretudo a forma cordial e sempre respeitosa como decorreram as reuniões de Câmara. À semelhança da Helena, a minha despedida destas funções não tem a ver com pressões de qualquer tipo. Retiro-me por motivos sobretudo profissionais”, finalizou.
A próxima sessão da Assembleia Municipal de Paredes de Coura deverá ocorrer em meados do próximo mês, após as eleições autárquicas de 1 de outubro. Será essencialmente marcada pela tomada de posse do novo Executivo Camarário eleito.
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