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Flávio Rodrigues tem 57 anos. Nasceu em Paredes de Coura, mas foi aos 25 que decidiu emigrar para o Canadá. O espírito de aventura falou mais alto. Foi ficando. Há 33 anos que está por lá, juntamente com a esposa. Trabalha na área da construção civil e todos os anos, durante o Verão, visita a terra onde nasceu.
A vida no Canadá é bem diferente. A vida… e o clima. Por estes dias, o oeste daquele país tem enfrentado uma intensa onda de frio. A sensação térmica chega aos -50ºC (sim! Cinquenta graus negativos). Os termómetros vão registando temperaturas de -30ºC, mas a situação piora devido aos ventos fortes que acompanham o frio. A sensação térmica desce ainda mais.
No outro extremo do país, o frio já não é tão extremo. Mesmo assim os termómetros estão significativamente abaixo de zero. Flávio Rodrigues reside em Toronto, onde os valores médios têm rondado os -12ºC.
“Hoje, por exemplo, está um pouco frio mas dentro da normalidade para esta altura do ano”, contou o emigrante à conversa com a Rádio Vale do Minho a partir do Canadá. “O pior é que com o fator vento a temperatura baixa neste caso para os -18ºC, mas não tem sido todos os dias”, explicou.
“Um courense é dos bons! Enfrenta isto com normalidade!”
Os valores são de arrepiar qualquer alto-minhoto que quase morre de frio com as habituais mínimas a rondar os 0ºC nesta altura do ano. Do outro lado do Atlântico, Flávio Rodrigues aprendeu depressa a encarar temperaturas impensáveis para muitos de nós.
“Um courense é dos bons! Enfrenta isto com normalidade!”, disse com uma gargalhada. “Por exemplo, eu trabalho fora… na construção de casas. Hoje vou esperar que as temperaturas subam um pouquinho. Caso contrário regresso a casa. Mas há muita gente a trabalhar com bastante roupa. Com umas cafezadas lá se vai fazendo alguma coisa”, disse.
E faz-se mesmo. “Há aqui muita gente de países quentes, por exemplo Mexicanos, que trabalham com temperaturas como estas de hoje sem problema nenhum!”.
“Sinto mais frio em Coura do que aqui”
Em Toronto, quando o termómetro decide baixar, é mesmo a sério. “Lembro-me que há uns anos atingimos os -27ºC, mas com o vento a sensação térmica era de -38ºC”, recordou Flávio Rodrigues à Rádio Vale do Minho. “Era mesmo muito frio. Mas, para dar uma ideia, sinto mais frio em Paredes de Coura com 10ºC do que aqui com -8ºC exatamente com a mesma roupa”.
A afirmação surpreendeu-nos. Existem frios diferentes? “Sim. O daqui creio que é mais seco. No daí sente-se mais a humidade”, concluiu.
Dizem os meteorologistas que a onda de frio no oeste do Canadá foi provocada por uma massa de ar polar vinda da Sibéria. Em Alberta, a companhia que opera o sistema elétrico informou que o alto consumo para amenizar o frio congelante a obrigou a usar as reservas enérgicas para manter o abastecimento.
Em Edmonton, o frio provocou problemas no sistema ferroviário da cidade. À noite, os termómetros da cidade marcaram -34ºC. Um recorde para esta época do ano. Foram hospitalizadas 11 pessoas por hipotermia.
[Fotografia: Flávio Rodrigues / Direitos Reservados]
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Ė melhor estar em casa,(Paredes de Coura) no quentinho da lareira ☕