Monção/Pias: Confraria da Foda nasce livre «de qualquer força ou tendência política»

“Sou acusado de ter criado uma confraria à minha imagem. Sendo verdade ou não, confesso que voltando atrás preferia criar uma confraria igual à minha imagem do que à imagem de qualquer outra”. As palavras, em tom taxativo, foram ditas este sábado pelo Grão Mestre da recém-criada Confraria da Foda, durante a cerimónia da eleição dos órgãos sociais e tomada de posse. No seu discurso, Agostinho Correia garantiu que tudo fará para que o principal ideal seja cumprido. “Nunca aceitarei que a Confraria da Foda seja prisioneira de qualquer força ou tendência política, a não ser a defesa da herança cultural e gastronómica. Faço votos de que este princípio seja cultivado pelos atuais e futuros dirigentes desta confraria”.
A votos apresentou-se apenas uma única lista. Na Direção figuram os nomes de Agostinho Correia, José Manuel Domingues, Márcio Ferreira, Cátia Gonçalves e Ana Paula Vale. Na Assembleia Geral, como presidente, o veterinário municipal Francisco Vaz. Acompanham-no Lídia Pinheiro e Júlio Pereira. No Conselho Fiscal estão Artur Duarte, Carla Marinho e José Alberto Campos. A lista foi eleita com 12 votos favoráveis, nenhum branco e nenhum nulo.
Aos microfones da Rádio Vale do Minho, o presidente da Assembleia Geral realçou que “esta Confraria da Foda é uma coisa nova. Vamos lutar por ela no sentido de trazer consequências económicas para o concelho, quer ao nível dos produtores quer ao nível dos restaurantes na parte gastronómica”. Francisco Vaz manifestou ainda a “grande honra” que é ocupar o lugar de presidente da Assembleia Geral “até porque sou médico veterinário. Estou, por isso, relacionado com todas as freguesias deste concelho. Ficarei muito contente se esta confraria ajudar Monção na parte gastronómica, nas festas, nas feiras e outros eventos”.
Na direção da Confraria da Foda, como vogal, está Ana Paula Vale, diretora da Escola Superior Agrária (ESA) do Instituto Politécnico de Viana do Castelo. A responsável tem acompanhado de perto todo o processo de certificação do Cordeiro à Moda de Monção. “O processo está neste momento na mão da Direção Regional de Agricultura (DRA). Houve alguns atrasos devido à questão da entidade promotora, mas neste momento acho que o processo está a correr bem. Em dezembro tivemos uma reunião com a DRA e penso que agora está tudo encaminhado”, contou Ana Paula Vale à Rádio Vale do Minho. Questionada sobre prazos, a diretora da ESA sublinhou que “isto nunca depende de nós. Da Direção Regional vai para Lisboa onde terá de ser assinado pelo Ministro e só depois é que será publicado no Jornal da Comunidade Europeia. São sempre processos muito longos mas penso que neste momento está encaminhado”, finalizou.
De referir que durante a cerimónia, realizada na Junta de Freguesia de Pias, foi apresentado o traje da confraria à comunicação social presente. Não fugiu ao prometido. Chapéu com faixa alaranjada, símbolo do fogo nos fornos. Medalha em forma de alguidar e cajado com cabeça em forma de carneiro. O resto do traje em si apresenta tom acastanhado com parte em lã, alusiva ao cordeiro.
A apresentação pública da Confraria da Foda deverá acontecer em Março, nos dias 25 e 26, durante a Feira da Rês, também conhecida localmente como Feira da Foda. O certame vai decorrer no Largo da Senhora do Encontro, em Pias, dedicando-se sobretudo à comercialização de gado caprino e ovino. Acontece sempre antes da Páscoa e é muito procurado pelas gentes do concelho e localidades vizinhas.