“O que foi vivido em Monção é visto como uma situação eventualmente traumática e deve ser atendida com cuidados especiais, por equipas constituídas por técnicos especializados e treinados”. É o que defende Cláudia Pires de Lima, bombeira na corporação de Paredes de Coura e psicóloga das Equipas de Apoio Psicossocial (EAPS) da Proteção Civil. Recorde-se que o concelho ‘berço’ do Alvarinho foi assolado entre sábado e esta segunda-feira por um dos maiores incêndios de que há memória. Atingiu várias freguesias. Ainda estão por contabilizar casas e propriedades que o fogo devastou. E devastados terão ficado também os proprietários destes bens após mais de 24 horas de autêntico inferno. “Quando não é recebido o apoio necessário e ajustado, o risco de a vivência traumática evoluir para um quadro de psicopatologia é elevado. Normalmente a população não tem estratégias para gerir a crise emocional que surge da vivência destas situações. É aí que atuam os técnicos”, explicou a psicóloga à Rádio Vale do Minho.
Cláudia Pires de Lima: “Quando não é recebido o apoio necessário e ajustado, o risco de a vivência traumática evoluir para um quadro de psicopatologia é elevado”.
Natural de Paredes de Coura, Cláudia Pires de Lima já está nas EAPS há dois anos. Diz já ter estado presente “em cenários muito distintos”. Mas o caso de Monção preocupou particularmente a especialista que, apesar de não ter estado no terreno, foi acompanhando ao minuto a informação sobre este e outros concelhos do Vale do Minho. “Tanto com adultos como com crianças, é importante sabermos que, perante estas situações fora do previsto, é normal termos algumas alterações”, alertou. Mudanças essas que podem manifestar-se com “o surgimento de medos, alterações no sono alimentação e até mesmo da nossa rotina”. No entanto, continuou Cláudia Pires de Lima, “é previsto que, passado um certo tempo, tudo volte ao normal. Se assim não for então há que procurar ajuda especializada”.
Cláudia Pires de Lima: “É previsto que, passado um certo tempo, tudo volte ao normal. Se assim não for então ha que procurar ajuda especializada”.
No que toca às crianças, a psicóloga sublinha que “devem sentir-se seguras junto dos seus cuidadores. Devem ser respondidas as perguntas que colocam”. “Os adultos devem tentar não lhes passar as suas emoções mais negativas, dentro do que for impossível gerir”, recomendou.
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