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Monção

Monção: Venda da Brejoeira continua a dar ‘manchetes’ além fronteiras

21 Novembro, 2021 - 12:15

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Nomes de potenciais compradores permanecem fechados ‘a sete chaves’.

A notícia foi dada pela Rádio Vale do Minho no passado mês de julho. Ainda continua a ocupar os principais títulos de jornais sobejamente conhecidos e reconhecidos. É o caso do La Voz de Galicia que, este domingo, dá grande destaque ao tema na página principal do site.

 

“Se vende palacio de cuento a orillas del Miño por 25 millones”, lê-se naquele jornal galego em letras garrafais, e foto do emblemático edifício a acompanhar [Vende-se palácio de conto de fadas no Minho por 25 milhões, em tradução livre]. A notícia propriamente dita é exclusiva para assinantes.

 

Para além de ser Monumento Nacional desde 1910, há toda uma elevada quantidade de terreno ao redor do palácio: 74 acres no total [1 acre = aprox. 4.046m2], dos quais 44 são vinhas, 20 de floresta e 7,5 de jardins. “Existe até um lago”, destacou nesse mês de julho a revista Forbes que também se debruçou sobre o tema.

 

 

CR7? Rainha de Inglaterra? Pouco provável…

Desde então os palpites entre a população não param. Quem irá dar os 25 milhões de euros? Nas conversas de café sonha-se com Cristiano Ronaldo, ou até mesmo com a família real inglesa a ter residência no berço do Alvarinho. Mas não.

 

A Rádio Vale do Minho já consultou fonte da administração do Palácio da Brejoeira. Não há ainda nenhum nome em concreto. Porém, “o comprador terá de ser alguém muito associado à área dos vinhos” por forma a dar seguimento ao legado deixado por Maria Hermínia d’Oliveira Paes, última legítima proprietária daquele palácio, falecida em 2015.

 

É um edifício de estilo Neoclássico, ainda com influência barroca, foi mandado construir no início do século XIX, por Luís Pereira Velho de Moscoso, Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo, entre outras funções honrosa no seio da comunidade Monçanense. Este mandou edificar o Palácio da Brejoeira, numa antiga quinta de família chamada Quinta do Vale da Rosa.

Construção terá começado em 1805

Brejo significa matagal ou terras pantanosas. Acredita-se que parte da propriedade da Brejoeira fosse formada por terras alagadiças e o povo que tendia em facilitar os nomes das coisas acabou por chamar de Brejoeira a antiga Quinta do Vale da Rosa.

 

Embora a maioria dos dados da época indiquem que a construção do Palácio da Brejoeira terá tido início em 1806, como é o caso de José Augusto Vieira, no seu livro Minho Pitoresco,os registos de 1850 do Padre Câmara apontam que a construção terá sido iniciada em 1805 e concluída em 1834, “com enormes despesas as quase, atendendo à barateza da mão-de-obra na província do Minho, que por ventura de pode reputar pela terça parte da de Lisboa, a barateza dos materiais de construção e maior zelo no trabalho, talvez não orçassem em menos de 400contos” (Câmara, 1850).

 

Quanto ao término das obras os relatos também são inconclusivos, havendo cronistas que indicam que estas terminaram seis anos antes da data referida pelo padre, e ainda quem afirme que as obras foram interrompidas e nunca finalizadas. José Augusto Vieira, no seu livro, aponta para 1828, como o ano em que as obras terminaram.

 

A autoria do projeto também é marcada por dúvidas. Deduz-se que este será da autoria Carlos Amarante, no entanto as semelhanças com o Palácio da Ajuda, sugere a existência de influência de Arquitetos de Lisboa. Com certeza sabemos que a construção terá sido entregue ao Mestre Domingos Pereira, natural da freguesia de Sopo, Vila Nova de Cerveira, e as pinturas dos salões entregues ao Mestre Clemente, de Valença, e ao seu colaborador Julian Martinez.

 

Palácio da Brejoeira foi construído em granito, em forma de L, com três torreões. No exterior coexistiam espaços verdes e a agricultura, aproveitando a abundância de água e a fertilidade do terreno.

 

Foi Simão Pereira Velho de Moscoso, de que pouco se sabe, quem terminou a obra de seu pai. Dele apenas se diz “que era um homem dado a serões festivos. Raro era o dia em que não havia hóspedes na Brejoeira” (Almeida e Laureano).

 

Simão Moscoso faleceu em 1881, sem descendência. O Palácio foi herdado pelas famílias Caldas e Palmeirim de Lisboa, tendo sido colocado á venda, em hasta pública, 20 anos depois, sendo adquirido pelo Conselheiro Pedro Maria da Fonseca Araújo.Muito se tem relatado sobre a vida faustosa do Palácio.

 

Muitas pessoas que terão sido recebidas nesta moradia relataram uma amável hospitalidade e a presença de ilustres figuras da sociedade portuguesa como o Duque de Saldanha, Pinho Leal, D. António Alves Martins, bispo de Viseu, José Augusto Vieira, etc..

 

 

Gente ilustre

O período entre 1903 a 1920 foi uma nova época de festas palacianas. Entre estas datas foram recebidos no Palácio da Brejoeira hóspedes ilustres, como o Arcebispo de Braga, D. Manuel Baptista da Cunha e o Infante D. Afonso (Tio do Rei D.Manuel II), em Junho de 1910.

 

Em 1937 o Palácio foi mais uma vez vendido, sendo adquirido pelo Comendador Francisco de Oliveira Paes para o oferecer a sua filha Maria Hermínia Silva d’Oliveira Paes, nascida em 1918. Foi esta quem reestruturou a propriedade e procedeu à plantação e comercialização do prestigiado vinho da casta Alvarinho, PALÁCIO DA BREJOEIRA.

 

Também aqui ocorreram momentos de elevado simbolismo histórico, como em 1950, quando Oliveira Salazar recebeu na Brejoeira o chefe do governo espanhol, General Franco.

 

 

Finalmente… a marca

A Brejoeira sempre produziu vinho, embora sem a importância que assumiu a partir de 1976, altura em que foi lançada a marca PALÁCIO DA BREJOEIRA.

 

Antes da instalação da vinha de Alvarinho,o vinho era destinado ao consumo familiar ou vendido a granel para pequenas mercearias, com as castas Bracelho, Pedral e Negrão (Vinhão).

 

Em 1964, Maria Hermínia d’Oliveira Paes procurou o Engenheiro João Simões de Vasconcelos, com quem se aconselhou, iniciando nesse ano,com a assessoria deste na vinicultura, a plantação dos primeiros hectares de vinho Alvarinho.Contou mais tarde com o apoio do Engenheiro Agrónomo Amândio Galhano, na enologia.

 

Já em 1974, Maria Hermínia d’Oliveira Paes construiu uma adega com todas as condições necessárias para a produção de vinho Alvarinho e dois anos mais tarde, em 1976, o seu sonho é realizado: é lançado o PALÁCIO DA BREJOEIRA Alvarinho, engarrafado na origem. Em 2010 abriu pela primeira vez ao público visitas guiadas.

 

Maria Hermínia d’Oliveira Paes residiu na área privada do Palácio até à data do seu falecimento, que ocorreu a 30 de dezembro de 2015.

 

 

[Fotografia: La Voz de Galicia]

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