Da direita à esquerda. Opinião unânime na Assembleia Municipal. Monção está totalmente contra a linha de muito alta tensão projetada para atravessar o concelho. Em hibernação nos últimos anos, o assunto voltou a fervilhar no passado mês de julho quando a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) deu luz verde a projetos de transporte de eletricidade num montante máximo de 474 milhões de euros até 2022, em Portugal, tendo validado o investimento no projeto da nova interligação a 400kV Minho-Galiza.
No mesmo mês, o Executivo Municipal mostrou-se contra esta passagem. O CDS-PP, representado pela deputada Elisabete Amoedo entre o público, também se mostrou ao lado dos dois partidos com assento camarário.
O tema subiu na passada sexta-feira à Assembleia Municipal, onde a Câmara apresentou uma proposta de tomada de posição sobre o já chamado Projeto da Rede Nacional de Transporte de Eletricidade, Linha ponte de Lima – Fontefria, Troço Português, a 400 Kv. “Quando falamos de muito alta tensão, nem sequer queremos qualquer estudo de impacto ambiental. A proposta que apresentamos assenta naquilo que é o principal: a saúde pública”, sublinhou o presidente da Câmara, António Barbosa (PSD). “Uma das competências do presidente da Câmara está evidentemente relacionada com a área da saúde. São conhecidos estudos da Organização Mundial de Saúde que dizem que este tipo de linha pode aumentar o número de casos de cancro”, prosseguiu. “Não há presidente de Câmara nenhum que possa sequer, em qualquer circunstância e a troco de qualquer interesse, ponderar sobre esta matéria”.
António Barbosa: “Não há presidente de Câmara nenhum que possa sequer, em qualquer circunstância e a troco de qualquer interesse, ponderar sobre esta matéria.”
“Os territórios de baixa densidade como o nosso não podem ser apenas lembrados quando é para fechar! Quando é para cortar! Quando é para não dar!”, atirou Barbosa que, embora não provado, manifestou receio de que a muito alta tensão possa prejudicar milhares de hectares de vinhas e, consequentemente, o vinho Alvarinho – ex-libris da sub-região Monção/Melgaço.
Deputado socialista lembrou que “o PS sempre se opôs”
Do lado dos socialistas, concordância total com esta rejeição da linha de muito alta tensão. O deputado José Adriano Monteiro Alves disse mesmo ter feito uma pesquisa sobre a matéria através das notícias divulgadas pela Rádio Vale do Minho. Concluiu que “o PS sempre se opôs” a este projeto. O presidente da Câmara corrigiu com e-mails datados de 2011 onde a Câmara Municipal, na altura em gestão socialista, dava parecer favorável à passagem desta linha. Monteiro Alves discordou com a interpretação feita pelo autarca social-democrata.
Já pelo CDS-PP, a deputada Elisabete Amoedo não podia ter sido mais clara no arranque do discurso. “Não! Não… e não!”, exclamou. “A nossa posição é categórica. Firme e imutável. O valor da vida humana justifica que se aplique de forma rigorosa o princípio da precaução”, apontou. “As pessoas têm o direito de defender a sua saúde, as suas habitações, o valor das suas terras, as paisagens naturais e a sua qualidade de vida. Na idade média, a comunidade científica desconhecia em absoluto as virtudes da higiene até se aperceber que a peste negra se alimentava desta ignorância”, lembrou a deputada centrista. “O bem-estar dos munícipes é a nossa maior preocupação. Mas também nos magoa pensar no impacto visual que esta estrutura pode ter no nosso concelho”, frisou ainda Elisabete Amoedo.
Na votação, esta proposta de rejeição a este projeto de passagem da linha de muito alta tensão pelo concelho foi aprovada por unanimidade.
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