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Monção

Monção: Museu do Alvarinho inaugurado debaixo do protesto de dezenas de produtores

28 Fevereiro, 2015 - 21:10

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Secretário de Estado considera que acordo “foi bastante trabalhado”. José Diogo Albuquerque diz que “é a única forma de salvaguardar que este vinho tenha força”.

“O Alvarinho é nosso”. Assim gritaram este sábado, em Monção, várias dezenas de produtores em frente ao recém-inaugurado Museu do Alvarinho. Nem a chuva foi capaz de arrefecer o protesto contra o alargamento da designação Vinho Verde Alvarinho a toda a Região dos Vinhos Verdes. “Isto só vai trazer miséria. Não há outra atividade em Melgaço e vai fechar tudo”, desabafou aos microfones da rádio Vale do Minho António Fernandes, produtor de Alvarinho há mais de três décadas. “Temos de emigrar. Nos anos 40 e nos anos 50 só ficaram as mulheres em Melgaço. Os homens emigraram todos e eu fui um deles. O Alvarinho entretanto começou a ser uma mais valia e eu voltei. E agora? Já velho para onde vou?”. A pergunta do produtor ficou sem resposta como tantas outras entre a multidão que juntava gente da região e até de fora do Minho. Foi o caso de Cristina Ferreira, uma advogada do Porto que defende “que o Alvarinho só pode ser Monção e Melgaço. É como o vinho do Porto, que é da região do Douro”.
As vozes subiram de tom mal o Secretário de Estado da Agricultura saiu do automóvel. Em declarações aos jornalistas, José Diogo Albuquerque considerou que o ‘acordo do Alvarinho “foi bastante trabalhado e eu concordo inteiramente com ele. Na verdade, não é só uma questão dos outros produtores à volta de Monção e Melgaço também quererem produzir. É a única forma de salvaguardar que este vinho tenha força, como o acautelamento da percentagem mínima no lote e também que a região tenha verbas para fazer a promoção deste vinho, que é o que está a fazer-se hoje aqui”, referiu o governante. José Diogo Albuquerque disse mesmo que “este acordo é a providência cautelar para o Alvarinho não se perder. Há sempre resistência à mudança, mas eu vejo muitas vantagens. Se esta mudança não fosse boa, o Sr. Presidente da Câmara não me teria convidado para vir nesta altura”.
Recorde-se que entre os vários pontos do acordo assinado, destaca-se o selo de garantia próprio do qual vão dispor os vinhos de Monção e Melgaço. Foi também imposta uma regra de lealdade de concorrência à região dos Vinhos Verdes. Todos os lotes que mencionem a casta Alvarinho terão de conter 51% desta casta se for a primeira mencionada e 30% se for a segunda – este valor era de 0,1% até agora. Está dada luz verde à liberalização do uso da designação Alvarinho para toda a Região Demarcada dos Vinhos Verdes. Será um processo gradual, que decorrerá nos próximos seis anos. Os produtores de Monção e Melgaço vão receber, em contrapartida, três milhões de euros para promover os seus vinhos e marcas, também ao longo dos próximos seis anos. Um período que não agrada ao presidente da Câmara monçanense. “Nas reuniões da tutela que estive presente apontou-se uma razão de 10 anos como período transitório. Considero esse tempo aceitável. Os seis anos saídos do acordo são curtos. Peço-lhe que reveja esta situação”, disse Augusto Domingues no seu discurso, perante o governante.
Com o nome registado, o Museu do Alvarinho assumir-se-á como um espaço de promoção, comercialização e degustação daquele produto demarcado e singular com elevada importância na economia de muitas famílias monçanenses e suporte da identidade cultural e histórica do concelho.
Pretende-se ainda corporizar um modelo integrado de promoção do vinho Alvarinho, estendendo-o ao património natural, histórico, arqueológico e cultural do concelho. No fundo, o Museu do Alvarinho servirá como elemento impulsionador e congregador para a divulgação e dinamização das potencialidades endógenas da região.
Distribuído por diferentes áreas, este espaço proporcionará aos visitantes uma autêntica viagem pelo mundo deste famoso néctar, disponibilizando informação sobre a origem, evolução e empresas dedicadas à produção deste ex-libris do concelho de Monção.
As empresas de Vinho Alvarinho com produto rotulado, premiadas em concursos nacionais e internacionais, encontrarão neste espaço “uma porta de acesso” para a valorização dos seus produtos, bem como um “ponto de encontro” para provas comentadas, encontros promocionais e estabelecimento de parcerias negociais.

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