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Monção

Monção: Filipe Quintas (PS) acusado de mentir nas redes sociais

11 Novembro, 2021 - 09:07

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Executivo Municipal de Monção reuniu esta quarta-feira na freguesia de Pinheiros.

Filipe Quintas, vereador pelo PS na Câmara Municipal de Monção, foi acusado esta quarta-feira pelo Vice-Presidente da Câmara, João Oliveira (PSD), de mentir nas redes sociais. Em causa a pretensão por parte dos socialistas de realizar a transmissão online das reuniões do Executivo Municipal, já rejeitada por parte da maioria social-democrata.

 

João Oliveira iniciou a sua intervenção mostrando-se desagradado com publicações feitas pelo autarca socialista no facebook. Publicações essas cuja visibilidade é total e não só para amigos. Começou por citar um desses posts, onde Filipe Quintas recorda uma iniciativa realizada em 2011, ano em que exercia como independente as funções de presidente da Junta de Freguesia de Sá.

 

Há 10 anos atrás a Junta de Sá abria conta no YouTube para aproximar os cidadãos do poder autárquico! Passado uma década eu e a minha equipa de vereação fizemos a proposta ao executivo municipal para a transmissão em directo das reuniões de Câmara. Proposta chumbada pelo Presidente! (Não sabemos a opinião dos restantes vereadores porque o presidente não lhes deu a palavra para se pronunciarem)“, escreveu Filipe Quintas.

 

 

No facebook, Filipe Quintas recordou o ano em que abriu um canal de YouTube para a Junta de Freguesia de Sá
[Fonte: FB Filipe Quintas]

 

João Oliveira mostrou-se visivelmente indignado com a última frase escrita pelo vereador. “Nessa reunião de Câmara, não me apercebi em momento algum que o Presidente tivesse impedido qualquer um dos vereadores de se expressarem. Portanto, ou foi um erro de expressão – e aí acredito que o vereador irá corrigir – ou então tentou passar uma mensagem que não foi o que se passou na reunião de Câmara”, atirou o Vice-Presidente.

 

Com curiosidade aguçada, João Oliveira disse ter ido ver o outrora canal de YouTube da Junta de Freguesia de Sá. Um canal criado a 12 de novembro de 2011. “Esse canal durou três meses e meio de publicações!”, exclamou o Vice-Presidente da Câmara.

 

“Fez três meses e meio de publicações. No ano e sete meses seguintes… zero! O que significa que podemos ter por vezes ideias que em termos práticos não se concretizam”, demonstrou.

 

 

“Não foi nada meigo para o PS!”

Mas João Oliveira foi mais longe. Abordou o conteúdo dos vídeos. “Deixe-me que lhe diga que não foi nada meigo para o Partido Socialista! [na altura ao leme do Município, com José Emílio Moreira a Presidente da Câmara]”, comentou.

 

“Dois ou três desses vídeos são de cima a baixo… desde notas de repúdio porque o Executivo Municipal nem sequer o recebia relativamente ao Orçamento participativo. E nisso poderá contar connosco porque nunca irá acontecer”, assegurou o autarca do PSD.

 

O Vice-Presidente da Câmara estava imparável. Fez zoom a essa mesma nota de repúdio e destacou dois nomes: José Emílio Moreira, então presidente da Câmara de Monção, que foi o mandatário da lista do PS à Câmara de Monção liderada por Filipe Quintas nas últimas eleições autárquicas; e Augusto Domingues, que em 2011 era Vice-Presidente da Câmara, e foi o candidato socialista à presidência da Assembleia Municipal de Monção nas autárquicas do passado dia 26 de setembro.

 

 

Uma frase “infeliz”

João Oliveira seguiu depois para uma outra publicação de Filipe Quintas nas redes sociais, feita no passado dia 30 de outubro.

 

O Sr. Presidente não quer a transmissão em directo das reuniões públicas da Câmara Municipal! Não quer permitir que toda a população possa assistir e assim ficar a conhecer e participar nas decisões sobre o nosso concelho! Esta incompreensível decisão politica da maioria PSD escreve uma página negra na nossa história democrática monçanense, mas nós, os Vereadores do PS, continuaremos sempre a pugnar e a fazer propostas para fortalecer e consolidar a nossa Democracia, porque para nós as Pessoas estão sempre primeiro, os Monçanenses estão sempre primeiro, todos sem excepção!“, escreveu Filipe Quintas num post também com visibilidade total.

 

 

No facebook, Filipe Quintas considerou que o PSD escreveu “uma página negra” na democracia monçanense
[Fotografia: FB Filipe Quintas]

 

O Vice-Presidente da Câmara mostrou-se uma vez mais revoltado com as palavras do vereador socialista. “Temos 308 Municípios. Desses, talvez 10… 15… 20… terão as suas reuniões de Câmara transmitidas online. Não acredito que algum de nós ache que vivemos numa ditadura ou que estejamos a viver uma página negra da democracia em Portugal!”, exclamou.

 

Uma frase que João Oliveira considerou como “infeliz” e que, disse, o fez recuar a uma publicação feita por Filipe Quintas em dezembro de 2020. “Se calhar não imaginava que iria ser candidato pelo PS à Câmara Municipal de Monção e recuperou um post de dezembro de 2012”, supôs o Vice-Presidente da Câmara.

 

 

Tempos em que Quintas andava ‘às avessas’ com o PS

Em 2012, Filipe Quintas estava em rota de colisão com os socialistas monçanenses. Pretendia ser o candidato pelo PS à Câmara Municipal de Monção nas autárquicas de 2013. Só que as agulhas socialistas apontavam para outro nome: Augusto Domingues. A Rádio Vale do Minho estava atenta ao desenrolar deste processo.

 

Cabe agora à Comissão Nacional de Jurisdição do PS fazer justiça e repôr a democracia “bloqueada”, levando a concelhia a directas, para serem todos os militantes de Monção a escolherem o candidato à Câmara. Aguardo com tranquilidade e serendidade a decisão do órgão de jurisdição, porque acredito no PS e nos seus órgão nacionais e porque acredito que estes não são coniventes com esta total falta de democracia que imperou na estrutura local. VIVA a Democracia! VIVA Monção!“, escreveu Filipe Quintas no facebook a 1 de dezembro de 2012, numa publicação também com visibilidade total.

 

 

Em dezembro de 2020, Filipe Quintas recuperou post de 2012 onde lamentava “falta de democracia”… no PS
[Fonte: FB Filipe Quintas]

 

 

Após ler estas palavras em voz alta, João Oliveira tirou conclusões. “Já nesta altura, o vereador acusava o PS de falta de democracia em Monção. Sobre isso não me pronuncio, mas é curioso ver que sempre que as coisas não estão de acordo como o vereador diz, isso vem ao de cima”, concluiu.

 

 

Barbosa: “Isto não é o PS que queremos aqui!”

Seguidamente, interveio o Presidente da Câmara de Monção que – evidentemente – deu total apoio às palavras ditas por João Oliveira.

 

“Recordo que estes senhores que fazem estas publicações nas redes sociais, que estiveram no poder durante 20 anos, são os que faziam reuniões de Câmara às duas e meia da tarde. Sem uma única pessoa dentro da sala e que nunca se preocuparam com transmissões do que quer que seja e que hoje dizem que somos anti-democratas”, disparou António Barbosa.

 

Visivelmente desagradado, o edil monçanense reforçou o descontentamento da maioria laranja com os socialistas e com “um partido que se quer como alternativa e esta não é a forma mais correta de fazer política”.

 

“Isto não é o Partido Socialista que queremos aqui! Vocês são muito bem-vindos aqui, mas de uma forma leal e transparente em fazer política. Se a vossa política vai ser estar aqui nas reuniões e depois ir para as redes sociais dizer outra coisa completamente diferente do que aqui se passa, podem ter a certeza que não terão lealdade por parte do Presidente da Câmara”, avisou Barbosa.

 

“Não é isso que os monçanenses esperam de vocês! Os monçanenses esperam de vocês lealdade, propostas e trabalharem de acordo com aquilo que foi o vosso trabalho eleitoral”, reiterou.

 

“Para mim democracia é isto… é estarmos nesta sala como esta sala está hoje [cheia]. Eu sei que vocês [PS] preferiam ter transmissões online para que pudessem ser vistos na internet, mas eu prefiro estar junto dos eleitores. Aqueles que nos deram uma vitória esmagadora e que estiveram de acordo com a governação dos nossos primeiros quatro anos”, frisou o edil monçanense.

 

“Para mim, primeiro estão as pessoas. Muitas delas sem possibilidade de ver reuniões online. É no terreno!”, concluiu Barbosa.

 

 

Filipe Quintas: “Não me venham com retóricas de democracia”

Na reação aos dois discursos, Filipe Quintas mostrou-se surpreendido. “Fico deveras estupefacto. É-me lançado aqui, perante este magnífico público, um ataque cerrado sobre o qual eu nem vou tecer grandes comentários”, iniciou o vereador socialista.

 

Um “ataque”, considerou, “sustentado numa base em que ou estão a falar de outra pessoa, ou estão completamente enganados, ou distorceram toda a realidade e todos os contextos. Até porque vão buscar coisas antigas”.

 

“Em 2011, ter um canal de YouTube era progressista. Hoje, ter uma transmissão online, é banal”, considerou Filipe Quintas que exemplificou com a vizinhança.

 

“Melgaço, que não tinha transmissão online, passou a ter”, informou. E o material? De acordo com o vereador, são os mesmos meios técnicos utilizados pelo Município nas reuniões do Executivo online durante a fase mais crítica da pandemia da COVID-19.

 

Desta forma, frisou o vereador socialista, “uma transmissão online não precisa aqui de uma regie nem de grandes meios técnicos”. Uma iniciativa que, realçou, “daria a possibilidade a quem não pode estar presente” de assistir às sessões. Sobretudo em dias de mau tempo em que apetece menos sair de casa.

 

“Se tivesse de escolher, preferiria estas reuniões descentralizadas a uma transmissão online”, garantiu Quintas. “Mas podemos ter as duas coisas. E eu gostaria de oferecer aos monçanenses, sobretudo aos emigrantes, essa possibilidade”, esclareceu.

 

Relativamente ao “ataque cerrado”, Quintas voltou a ser pragmático. “Fica convosco. Relativamente a passados, nós estamos aqui para trabalhar para o futuro. Aquilo que eu disse é que não soube, à data, a vossa posição relativamente à transmissão online. Hoje já sei a posição do Vice-Presidente”, prosseguiu.

 

“Não me venham agora com retóricas de democracia de querer dar aqui uma de pais ou professores da democracia porque eu respeito os órgãos autárquicos. Sou uma pessoa que defende a terra e é isso que sempre me catacterizou”, finalizou Quintas.

 

 

João Oliveira: “Eu não fiz um ataque cerrado. Eu fiz uma defesa cerrada!”

Após as palavras do vereador socialista, o Vice-Presidente voltou a intervir para corrigir Filipe Quintas. “Eu não fiz um ataque cerrado. Eu fiz uma defesa cerrada!”, retificou João Oliveira.

 

“Ataque cerrado fez o vereador nas redes sociais. Fez um ataque cerrado à vereação, à verdade e acusando-nos de tudo e mais alguma coisa!”, exclamou. “Às vezes esquecemo-nos que uma palavra dita no facebook tem o mesmo valor que uma palavra dita olhos nos olhos. Para mim é igual!”.

 

“Dizer o que disse nas redes sociais e agora dar uma de virgem ofendida a dizer que se sentiu atacado quando eu vim defender a minha honra olhos nos olhos, para mim não! O que o vereador fez nas redes sociais foi um ataque vil e desonesto porque deturpou o que aconteceu”, repetiu João Oliveira.

 

A finalizar, João Oliveira deixou ainda claro que “se o vereador não tivesse dito o que disse nas redes sociais, da minha parte não haveria uma palavra”. “Isto só aconteceu por eu ter necessidade de me defender de um ataque que o vereador desferiu nas redes sociais. E estou a fazê-lo da forma que eu acho que é a melhor possível: olhos nos olhos, dizendo o que me vai na alma”.

 

 

 

[Fotografia: Rádio Vale do Minho]

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