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João e Margarida. Ambos com 10 anos e a frequentar o 5º ano de escolaridade. Andavam ainda no ensino primário quando viram a floresta da terra que os viu nascer, Monção, ser consumida pelas chamas. Lembram-se bem daquele mês de outubro de 2017. Aos jornalistas respondem apenas com um “sim… lembro-me”. Mas o olhar triste e pregado imediatamente no chão deixa perceber a tristeza que sentem ao recordar aquele dia fatídico.
São más memórias que, apesar de tudo, parecem trazer mais força. A eles e a mais 800 jovens que durante esta semana estão a plantar cerca de três mil árvores nas zonas que foram mais fustigadas pelos incêndios nesse ano.
A Rádio Vale do Minho foi esta quarta-feira ao encontro da pequenada. Estavam em Barbeita, no lugar de Merim. “Estamos a plantar Carvalho Alvarinho nesta área que ardeu em 2017”, explicou o João aos jornalistas, cheio de sabedoria. “São árvores que duram muito tempo. Podem chegar até aos 1500 anos!”, disse o pequeno.
De cabelos longos, a Margarida também estava a divertir-se imenso com os colegas. Embora mais tímida, não teve problemas em falar à imprensa. “Viemos aqui reflorestar”, disse a menina. “Precisamos do oxigénio das plantas. No outro ano queimaram isto tudo e nós precisamos delas”, realçou a Margarida perante o olhar babado da professora de Matemática e Ciências que assistia com um sorriso.
“Temos de sensibilizar os nossos alunos para as questões do ambiente. Esta é uma ótima iniciativa”, classificou a docente, Rosa Cerqueira. “Temos de criar uma consciência ecológica, porque é destas crianças que depende o futuro. Estamos por isso a apostar nesta geração para termos um planeta melhor”, referiu a professora.
O presidente da Câmara Municipal de Monção também marcou presença. Mal chegou ao local, António Barbosa cumprimentou desde logo uma multidão de crianças que o rodeou. Fez questões. Todos tinham a matéria na ponta da língua.
Barbosa não esperou mais tempo. Deu o exemplo e, com a ajuda das crianças, plantou também uma árvore. “Além de reflorestar as áreas ardidas em 15 de outubro de 2017, uma data que fica na memória de todos os monçanenses, esta ação tem a particularidade de sensibilizar os alunos para a questão da preservação e valorização ambiental”, disse o autarca à comunicação social.
“Trata-se de mais um passo na educação ambiental dos mais jovens que, estou certo, terá um reflexo positivo no futuro”, acrescentou.
Ao longo desta semana, o concelho de Monção está a ser reflorestado com a plantação de 3000 árvores autóctones em locais fustigados pelos incêndios de outubro de 2017. Nesta ação, participam 860 alunos e 96 professores e auxiliares de todos os níveis de ensino (público, privado e profissional).
A campanha de reflorestação, inserida no âmbito do Projeto Eco-Escolas, realiza-se em locais que apresentam condições de segurança aos alunos, nomeadamente, Gandarela, em Troviscoso; Castro de São Caetano, em Longos Vales; Merim e Bairro Alto, em Barbeita; e Carvalhas e Portela de Alvite, em Merufe.
Nesta ação, os alunos são auxiliados pelos professores, auxiliares, técnicas do Município de Monção e duas equipas de sapadores florestais. Após a plantação das três mil árvores autóctones pelos alunos, segue-se a plantação de mais 15 mil unidades pelos sapadores florestais.
As espécies arbóreas florestais plantadas são o carvalho alvarinho, o carvalho negral, o castanheiro, a cerejeira brava, a faia, o medronheiro, a nogueira, o sobreiro e o pinheiro bravo. Todos os alunos recebem um diploma de participação.
A iniciativa inscreve-se no projeto Terra de Esperança, cuja entidade promotora é a Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente (ANEFA), tendo como parceiros a Fundação GALP e a Câmara Municipal de Monção.
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