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Monção

Monção: Dois anos depois do inferno ainda há ‘feridas’ abertas em todo o concelho

15 Outubro, 2019 - 06:32

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PUB Dois anos depois dos grande incêndios que flagelaram o concelho de Monção, ainda há feridas que permanecem por sarar. Os números do dia 15 de outubro de 2017 continuam […]

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Dois anos depois dos grande incêndios que flagelaram o concelho de Monção, ainda há feridas que permanecem por sarar. Os números do dia 15 de outubro de 2017 continuam bem presentes na memória de cada um. Um em cada três metros quadrados ardeu.

A área ardida ascendeu a 4.300 hectares. Foram atingidas 20 das 33 freguesias (antiga denominação administrativa). Além de animais mortos e alfaias agrícolas destruídas, contabilizaram-se cinco casas de primeira habitação ardidas mais um anexo com recheio de habitação, 28 edifícios devolutos, 51 anexos de apoio à agricultura e algumas empresas dedicadas à transformação de madeira e de pedra. Foram afetados 15 postos de trabalho.

A freguesia da Bela esteve entre as mais atingidas. Luís Cunha era já presidente da Junta na altura e, no meio do desespero do combate ao fogo, chegou mesmo a ficar cercado pelas chamas. Teve sorte.

Volvidos dois anos, mostra-se desiludido. “A Bela não recuperou e acho que nunca mais vai recuperar desse flagelo. Notamos que tanto da parte do Governo como da parte do Município não tem sido feito nada para podermos melhorar a visão que tínhamos da freguesia”, lamentou o autarca à Rádio Vale do Minho apontando o dedo à inexistência de ordenamento florestal.

 

Luís Cunha: “Em termos de requalificação, após os incêndios de 2017, a Bela ficou completamente abandonada.”

 

“Em termos de requalificação, após os incêndios de 2017, a Bela ficou completamente abandonada. As árvores autóctones foram queimadas e hoje temos ali uma proliferação de eucaliptos. São rebentações que de certeza absoluta que irão conduzir a nova tragédia provavelmente mais grave”, avisou Luís Cunha.

Merufe esteve também no topo das freguesias mais afetadas pela tragédia. Para sempre ficou a icónica fotografia da Igreja Paroquial ameaçada pelas chamas [foto superior]. “Estamos a recuperar, mas lentamente. Temos várias candidaturas em andamento. Ainda há muitas marcas visíveis, a começar pelas placas de sinalização. Na própria paisagem ainda se notam os pinheiros queimados. Em termos de  infraestruturas, felizmente foram arranjadas dentro dos prazos normais”, disse Márcio Alves à Rádio Vale do Minho.

 

Márcio Alves: “Vão ser anos de luta mas temos de estar preparados porque em breve podemos ter uma tragédia idêntica ou pior.”

 

“Vão ser anos de luta mas temos de estar preparados porque em breve podemos ter uma tragédia idêntica ou pior”, alertou o autarca merufense. “Há muitos eucaliptos a nascer em parte privada. Já avisamos esses particulares, mas sem ajudas por parte do Estado é-lhes impossível fazer a limpeza ou plantarem outra espécie no lugar deles”.

 

Barbosa: “Não há lei nenhuma que obrigue quem quer que seja a fazer o corte de eucaliptos em terreno privado.”

 

Ouvido sobre esta matéria pela Rádio Vale do Minho, o presidente da Câmara, António Barbosa (PSD), foi pragmático. “Não há lei nenhuma que obrigue quem quer que seja a fazer o corte de eucaliptos em terreno privado. A única coisa que podemos fazer e que é permitido pelo Plano Municipal de Defesa Contra Incêndios é intervir em zonas junto a faixas de rodagem e garantir também que esses eucaliptos que estão a nascer estão a mais de 50 metros de habitações”, explicou o edil monçanense à Rádio Vale do Minho.

“O Plano de Gestão Florestal é competência das próprias juntas. O que o Município tem, e que já está aprovado, é o Plano Municipal de Defesa Contra Incêndios onde constam as áreas em que temos de intervir”, sublinhou Barbosa.

Convidado a recordar esse dia fatídico, o presidente da Câmara reconhece também que ainda há muitas feridas visíveis em todo o concelho. Mas que vão desaparecendo. “Deram entrada esta semana na Câmara os novos sinais de trânsito que irão substituir todos aqueles que foram danificados pelas chamas. Mas alguns desses sinais até deveriam lá ficar porque parece que muitos privados já se esqueceram do que aconteceu há dois anos”, considera o presidente da Câmara.

“Foi uma grande tragédia que poderia até ter sido pior e temos de garantir que algo semelhante não volte a acontecer no concelho”, concluiu António Barbosa.

 

[Fotografia: Márcio Ferreira]

 

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