Desengane-se quem pensar que o triunfo de ‘São Jorge’ é uma certeza. Na esmagadora lista de vitórias somadas pelo ‘santo’ ao longo dos anos, a rádio Vale do Minho ouviu testemunhos de combates em que o dragão levou a melhor sobre o protetor dos monçanenses. Há quase três décadas, o vereador Paulo Esteves era uma criança quando presenciou o impensável. “Lembro-me de um combate em que o cavalo se assustou com a Coca. O animal galgou a parte onde o público estava sentado. A Coca pode mesmo ganhar e isso é um facto. Nunca desejo isso porque, quando acontece, os presságios são de mau ano agrícola e de miséria”, contou o autarca à rádio Vale do Minho, à margem da apresentação do programa das festas do concelho, realizada esta terça-feira.
O povo, que geralmente acorre em massa para ver este ritual que se repete todos os anos, já está habituado às vitórias do lado que simboliza o Bem. Mas naquele ano, continuou Paulo Esteves, as pessoas reagiram com espanto. “Houve quem tivesse ficado satisfeito mas fica sempre aquela apreensão. A Coca tem grandes dimensões e simboliza o mal. Mas acredito que as pessoas que assistiram àquele combate não foram para casa a pensar que iriam ter um mau ano”, disse o vereador com uma gargalhada. A verdade é que, sublinhou Paulo Esteves, “nada disto é ensaiado. Cavalo e Coca encontram-se pela primeira vez naquela arena. O cavaleiro tem de ter alguma habilidade de, nos primeiros minutos de combate direto, ter alguma sensibilidade para sossegar o cavalo. E isto por vezes não é fácil”, realçou Paulo Esteves.
Anselmo Mendes será um dos homenageados
O enólogo monçanense Anselmo Mendes está entre as indivídualidades que vão este ano ser condecoradas pelo Município na cerimónia desta quinta-feira, dia 4 de Junho. Anselmo Mendes, recorde-se, foi já este ano condecorado pelo presidente da República com a comenda de mérito agrícola. Anselmo Mendes nasceu em Monção, filho mais velho de uma família que vive da agricultura e do vinho desde há muitas gerações. A paixão pela terra levou-o ao Instituto Superior da Universidade Técnica de Lisboa, onde se licenciou em Engenharia Agro-Industrial, em 1987. Seis anos mais tarde, concluiu a pós-graduação em Enologia, na Universidade Católica. Esta quinta-feira, o enólogo vai receber o título de cidadão de mérito medalha de prata.
Da lista de condecorações fazem também parte o juiz conselheiro jubilado José António Barreto Nunes, com a medalha de cidadão de mérito medalha de prata. Já a medalha de mérito desportivo vai este ano ser entregue a Maria Carolina Breia Rei, atual Presidente da U.D. Moreira. A cerimónia de atribuição de títulos honoríficos está agendada para as 17h00, na Praça Deu-la-Deu, em Monção.
A manhã e tarde de sexta-feira estão dedicadas aos mais pequenos através da iniciativa “A Coca vai à Escola”. À noite, pelas 21h30, o Museu do Alvarinho recebe a entrega de prémios do concurso de escrita criativa “Era uma vez… uma uva de Vinho Alvarinho”.
Sábado marcado por inaugurações
O dia 6 de junho, sábado, arranca às 9h30 na Ecopista do Rio Minho com a inauguração do percurso entre o Parque da Lodeira e o centro histórico de Monção. Uma hora depois, vai seguir-se a inauguração do Centro Cultural do Vale do Mouro, em Tangil. O momento contará com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.
O dia vai terminar com a realização do Festival Internacional de Bandas Filarmónicas. Com organização da Banda Musical da Casa do Povo de Tangil e apoio da autarquia monçanense, a iniciativa vai decorrer na Praça Deu-la-Deu. Está marcada para as 21h30 e conta com a participação de quatro filarmónicas.
Domingo de Eucaristia, Procissão e combate
O último dia do programa, domingo, é tido como o ponto alto das festas da Coca/Corpo de Deus. Começa logo pela manhã com a “XI Rota da Coca”, um passeio de BTT pelo concelho organizado pelo Clube de Cicloturismo de Monção. Para as 15h00 está marcado o cortejo etnográfico das freguesias. Depois da entrada da Fanfarra Deu-la-Deu, marcada para as 16h30, celebra-se a Eucaristia e a Procissão Solene do Corpo de Deus.
Após o recolher da procissão, as festividades culminam então com o esperado combate entre São Jorge e a Coca. A atividade irá decorrer no anfiteatro do Souto. Desconhece-se a origem do ritual desta festa, mas a tradição data do século XVI. A batalha termina quando o cavaleiro corta as orelhas à Coca, que simbolicamente pressagia um ano bom.
Comentários: 0
0
0