O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, afirmou esta sexta-feira que a localidade de Olivença “é portuguesa”, o que está estabelecido por tratado, e defendeu que “não se abdica” dos “direitos quando são justos”.
Questionado pelos jornalistas em Estremoz, no distrito de Évora, sobre se Olivença é portuguesa ou espanhola, o ministro afirmou que “Olivença é portuguesa, naturalmente, e não é provocação nenhuma”.
“E diz-se, desde o Tratado de Alcanizes, como Portugal tem as fronteiras mais antigas definidas, exceto esse bocadinho”, porque, “no que toca a Olivença, o Estado português não reconhece como sendo território espanhol”, sublinhou.
Entretanto, segundo o Notícias ao Minuto, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou “inusitado” e “muito grave” a afirmação feita pelo ministro da Defesa.
Olivença reage
Do lado de lá da fronteira, a reação surgiu pela voz do Presidente da Câmara de Olivença, Manuel José González Andrade (PSOE).
Segundo o jornal El Debate, o autarca refere que discursos que “fingem dividir ou confrontar falando de territórios sem pensar nas pessoas” são típicos de séculos passados.
González Andrade desvaloriza as considerações de Nuno Melo e diz estar “convencido” de que o ministro português “terá assuntos mais urgentes e importantes para tratar neste momento”.
“Trabalhamos pelo que nos une, que é muito mais do que o que nos separa numa fronteira ténue há décadas”, sublinhou.
“Olivença está plenamente satisfeita e sente-se orgulhosa do seu passado e da sua história porque nos torna únicos. Tem também consciência do seu presente e sabe perfeitamente qual é o seu futuro”, acrescentou.
Olivença é uma cidade na zona raiana reivindicada por direito por Portugal, desde o tratado de Alcanizes, em 1297, mas que Espanha anexou e mantém integrada na província de Badajoz, na comunidade autónoma da Estremadura, apesar de ter reconhecido a soberania portuguesa sobre a cidade quando subscreveu o Congresso de Viena, em 1817.
Estará a decência portuguesa sob ocupação espanhola?