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Ponte de Lima

Milhares vão fugir sexta-feira de touro à solta pelas ruas da vila

30 Maio, 2013 - 10:59

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Milhares de pessoas vão fugir, sexta-feira, de um touro com mais de 400 quilos que será largado, como manda a secular tradição local, pelas ruas de Ponte de Lima.

Milhares de pessoas vão fugir, sexta-feira, de um touro com mais de 400 quilos que será largado, como manda a secular tradição local, pelas ruas de Ponte de Lima.

A tradição da “Vaca das Cordas” de Ponte de Lima repetia-se, até agora, na véspera do dia do Corpo de Deus, que se assinala hoje, mas a suspensão deste feriado religioso obrigou a organização a alterar a “corrida” para a tarde de sexta-feira, 31 de maio.

Como manda a tradição, o animal – que afinal é sempre um touro -, sairá para as ruas do centro histórico pelas 18:00, conduzido, segundo a organização, por cerca de dezena e meia de pessoas e preso por duas cordas. É levado até à Igreja Matriz e preso à janela de ferro da Torre dos Sinos, sendo-lhe dado um banho de vinho tinto da região, “lombo abaixo, para retemperar forças”.

Dá depois três voltas à igreja, sempre com percalços e muitos trambolhões à mistura dos populares que ousam enfrentá-lo, após o que é levado para o extenso areal da vila, dando lugar a peripécias, com corridas, sustos, bravatas, nódoas negras e trambolhões e até as amadoras pegas de caras. É recolhido já ao anoitecer, sendo posteriormente abatido num matadouro para a carne ser comercializada num talho da vila.

A mais antiga referência que se conhece desta tradição remonta a 1646, quando um código de posturas obrigava os moleiros do concelho (ministros de função) a conduzir, presa por cordas, uma vaca brava, sob condenação de 200 reis pagos na cadeia.

Mais tarde, segundo o Código de Posturas de 1720, a pena agravava-se para 480 réis. Diz ainda uma lenda local que a Igreja Matriz, da primitiva vila, era um tempo pagão dedicado a uma deusa, simbolizada por uma vaca.

Posteriormente, este templo foi transformado em igreja pelos cristãos que retiraram do seu nicho a imagem da “deusa vaca” e com ela deram três voltas à igreja, após o que a arrastaram pelas ruas da vila, para alegria de todos os habitantes.

Daí virá o costume da “Vaca das Cordas”, um ritual que foi interrompido em 1881 para reaparecer por volta de 1922, para não mais deixar de se realizar.

A “Vaca das Cordas” passou entretanto a ser organizada pela Associação Concelhia das Feiras Novas de Ponte de Lima e insere-se nas festividades locais do Corpo de Deus, que se prolongam até domingo e que envolvem ainda a confeção dos também tradicionais tapetes floridos pelas ruas do centro histórico da vila.

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