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Melgaço: Povo ficou encantado com uma ‘luz nova’ – Eram os primeiros dias da eletricidade na vila

11 Fevereiro, 2019 - 08:23

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Thomas Edison já tinha apresentado a lâmpada elétrica há 40 anos. Corria a segunda década do século passado quando Melgaço começa a deixar para trás a luz da vela e […]

Thomas Edison já tinha apresentado a lâmpada elétrica há 40 anos. Corria a segunda década do século passado quando Melgaço começa a deixar para trás a luz da vela e o carvão. De acordo com Valter Alves, professor de Geografia e entusiasta pela história do concelho, os primeiros engenhos de produção elétrica surgem nesta altura no Município mais a norte de Portugal. Aparecem no Peso e em Castro Laboreiro.

Extremamente concorridas, as Termas são as primeiras a beneficiar deste enorme avanço tecnológico. Em junho de 1913, o espaço inaugurou até uma luxuosa sala de cinema. “Inaugurou-se ontem, no Peso, com extraordinária concorrência, este belo salão cinematográfico… É uma bela casa de recreio, dotada de todos os aperfeiçoamentos modernos e requisitos indispensáveis a edifícios desta natureza; profusamente iluminado a luz eléctrica e pintado com muito gosto artístico. Admira-se ali um magnífico piano-concerto accionado a electricidade”, noticiou o jornal Correio de Melgaço na altura, citado pelo mesmo autor no seu blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra.

 

Luz pública chega no ano em que Edison morreu

 

No entanto, a luz elétrica pública só chegaria a Melgaço em maio de 1931. Curiosamente no ano em que Thomas Edison morreu [outubro]. Valter Alves apresenta a edição de 17 de maio desse ano do jornal Notícias de Melgaço, que relata a instalação da eletricidade em vários prédios desta estância: 500 lâmpadas no Hotéis Rocha, Quinta do Peso e filiais, no Parque e avenidas da empresa das Águas. Anunciava a inauguração para os primeiros dias de junho sendo a energia fornecida pela Companhia do Tambre com sede na vila de Noia, província da Corunha, Espanha.

Só que não há bela sem senão. O avanço tecnológico dava ainda os primeiros passos… e os apagões eram frequentes. É raríssima a noite em que nesta localidade se conserve a luz eléctrica toda a noute sem por vezes se apagar, o que causa grandes prejuízos não só à casas particulares, como aos hotéis, casas de pensão e casas comerciais… Assim é que os hoteleiros e casas de pensão são obrigados a ter em depósito em sua casa de caixas de velas”, conta o Notícias de Melgaço daquela altura.

 

Festas até às tantas da madrugada

 

Mas o progresso aconteceu. Conta o autor que o emprego da eletricidade possibilitou a que se fizessem no balneário aplicações de diatermia, para o que foi adquirido um aparelho; ampliou-se também a secção de banhos carbo-gasosos. O balneário ficou provido de um serviço completo de banhos de imersão, carbo-gasosos, duchas escocesas e sub-aquáticas. Em 1935 começou a direção clínica “a empregar sistematicamente as curvas glicémicas como meio de investigação dos efeitos das águas na diabetes”. E havia festas de caridade até altas horas da noite. Com maior frequência o Parque, o Pavilhão das Águas, os salões dos hoteis se animaram com as galas de iluminações nocturnas, as harmonias de bandas de música e orquestras, a elegância dos bailes e a alegria das quermesses”.

Os candeeiros a gás começaram a desaparecer nesse mesmo ano de 1931. A luz elétrica estendeu-se a toda a vila. Para esta instalação, a Câmara Municipal pediu autorização à Secretaria Geral das Finanças, para contrair um empréstimo de 150 contos para financiar a operação.

A luz elétrica só chegaria à última aldeia de Melgaço já no século XXI. Thomas Edison nasceu há 172 anos.

 

[Fotografia: Lâmpada elétrica de Thomas Edison (réplica) / Direitos Reservados]

 

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