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Melgaço

Melgaço: Miguel Torga subiu ao alto do castelo… mas não gostou

17 Janeiro, 2019 - 08:40

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Miguel Torga faleceu há 24 anos. Durante a sua vida, aquele que foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses, passou por Melgaço e subiu ao ponto mais alto […]

Miguel Torga faleceu há 24 anos. Durante a sua vida, aquele que foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses, passou por Melgaço e subiu ao ponto mais alto do castelo. Conta-nos o investigador melgacense Valter Alves no seu blog sobre curiosidades desta vila que as vistas da torre deixaram desanimado este vulto da literatura portuguesa do século XX. Em jeito de desabafo, na sua obra intitulada Miguel Torga – Portugal, o escritor eternizou o que sentiu lá em cima.

“Em Melgaço, do alto do castelo, tentei abranger num relance a pátria toda. Mas o horizonte visual não me ajudou. Verifiquei apenas que a burguesia comilona curava ali perto a diabetes e que o rio Minho, laboriosamente, continuava a defender a fronteira desguarnecida. Como a espada de Tristão, também aquele fio de água cristalina se esforçava por tornar impossível o coito das duas margens.

Teria chegado ao fim do inventário verde? Talvez não. Embora lido, o livro fora certamente mal interpretado. Mas quem poderia vislumbrar uma grandeza humana e telúrica soterrada por tanta parra sulfatada? Um solo que não se mostra, de tão revestido, e uma gente atacada da doença de S. Vito, perturbam qualquer observador. (…) Desanimado, meti para Castro Laboreiro à procura dum Minho com menos milho, menos couves, menos erva, menos videiras de enforcado e mais meu. 

Um Minho que o não fosse, afinal.”

Nascido a 12 de agosto de 1907, Miguel Torga foi também médico. Frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Na verdade, chamava-se Adolfo Rocha. Foi em 1934, aos 27 anos, que criou aquele pseudónimo. Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente retilíneo.

Os seus livros encontram-se traduzidos em várias línguas. Ao longo da sua vida foi galardoado com vários prémios, entre eles o Prémio Camões, em 1989 e o Prémio Personalidade do Ano, em 1991. Alguns meses após ter falecido, o seu nome foi colocado numa rua da freguesia de Santa Maria, em Lagos.

 

[Fotografia: Direitos Reservados]

 

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