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Melgaço: Descoberto o nome do general romano que levou 10.000 homens até Castro Laboreiro

2 Junho, 2021 - 09:28

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Décimo Júnio Bruto. É este o nome do general romano que, há aproximadamente 2.200 anos, terá comandado 10.000 homens e acampado durante vários meses na Lomba do Mouro, no planalto de Castro Laboreiro, em Melgaço.

Os primeiros resultados das intervenções arqueológicas naquele local, que têm vindo a ser feitas desde setembro do ano passado, foram apresentados esta terça-feira por João Fonte, investigador do grupo científico Romanarmy.eu.

Tudo terá começado com o já conhecido mito do esquecimento. À frente do enorme exército, o general romano parou nas margens do rio Lima. As tropas recusaram avançar. Aquele era o rio então chamado de Oblívio. Acreditava-se que era o rio do esquecimento e, se atravessado, fazia com que a pessoa se esquecesse da sua identidade e da sua pátria.

O general romano, sem ponta de medo, decidiu atravessar. Tomou nas mãos o estandarte da legião. Cruzou o rio. A partir da outra margem chamou os soldados um por um – pelo nome – para convencê-los de que não se tinha esquecido de nada e podiam atravessar para continuar a campanha militar.

 

 

Recriação histórica, em Ponte de Lima, do momento em que o general atravessa o rio
[Fotografia: DR]

 

 

Assim foi. O enorme exército seguiu para Norte. Encontraram o rio Minho e – diz-se – ficaram fascinados ao ver pela primeira vez o sol a pôr-se no oceano Atlântico. Tiveram de combater vários povos. Entre eles, alguns mais aguerridos, como os brácaros. Tudo ficou ainda mais complicado quando os galaicos vieram em auxílio dos brácaros – mais de 60.000 homens.

Em vão. Embora em menor número, o conhecimento militar e a eficácia do exército comandado por Décimo Júnio Bruto depressa vieram ao de cima. A vitória valeu ao general o agnome de Galaico – Decimus Iunius Brutus Callaicus.

Tornava-se necessário pacificar a região e submetê-la às leis de Roma. O exército procura o melhor local para acampar. Evita caminhar pelos vales, devido ao perigo das emboscadas. Opta pelo cimo das montanhas e encontra o planalto ideal – a Lomba do Mouro.

 

 

Duas paredes de pedra com dois metros de espessura

 

 

A investigação arqueológica abrangeu uma área de 25 hectares. Foram desde logo encontrados vestígios daquilo que terão sido duas muralhas em pedra – uma interior, ao redor do acampamento; e outra exterior com propósito claro de reforçar ainda mais a defesa. “Foram rapidamente construídas tendo em conta o elevado número de homens existente”, elucidou João Fonte durante a sessão. “Tinham aproximadamente dois metros de espessura”.

Mas era necessário proceder à datação. “Foi usada a técnica pioneira da luminescência. Uma técnica que permite datar a última vez em que os cristais de quartzo foram expostos à luz do sol. A datação média permitiu aos investigadores obter os dados da fundação do século II antes de Cristo”, explicou, adiantando que as análises foram efetuadas por um grupo de investigação C2TN (Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares) do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

 

Em Castro Laboreiro, João Fonte apresentou os primeiros resultados das intervenções

[Fotografia: Município Melgaço]

 

 

Tudo apontava, portanto, para a campanha levada a cabo por Décimo Júnio Bruto. Mas as novidades não se esgotavam aqui: eram os primeiros sinais daquele que poderá ter sido o acampamento romano mais antigo de Portugal e da Galiza. 

“Até agora, o acampamento romano mais antigo, também escavado pelo grupo científico romanarmy.eu, foi o de Penedo dos Lobos (Manzaneda, Ourense). Foram encontradas moedas ligando o recinto às campanhas de guerra conhecidas como Guerras Cantábricas, com a qual o imperador Octávio Augusto encerrou o processo de conquista da Hispânia”, explicou o investigador.

Este acampamento situa-se “numa zona de especial concentração de sepulturas megalíticas e foi descoberto através da tecnologia LiDAR fornecida pelo projeto espanhol PNOA- Plano Nacional de Ortofotografia Aérea”.

Mas quanto tempo é que os romanos permaneceram na Lomba do Mouro? João Fonte acredita que não terá sido muito, devido aos rigores climáticos. Mas só a continuação das intervenções o poderá dizer até porque a área investigada foi consideravelmente pequena quando comparada à imensidão dos 25 hectares ocupados por todo o acampamento.

João Fonte defendeu, por isso, a “necessidade de continuar os estudos de investigação científica e arqueológica e depois é preciso apostar, de uma forma integrada, transfronteiriça a valorização destes sítios localizados na zona do Gerês-Xurés”.

 

 

Presidente da Câmara orgulhoso com mais um pedaço de história no concelho

 

 

No final da sessão, o presidente da Câmara de Melgaço mostrou-se visivelmente orgulhoso com os resultados obtidos. Manoel Batista destacou mais um elemento histórico no concelho e lembrou a riqueza do território na história da humanidade. 

 

 

Presidente da Câmara de Melgaço ficou muito agradado com os resultados das intervenções
[Fotografia: Município Melgaço]

 

 

Abordou desde logo os vestígios arqueológicos achados recentemente nas margens do rio Minho, com cerca de 200 mil anos, que falam um pouco sobre o modo de vida dos primeiros habitantes da região. É também em Melgaço, apontou, que se encontra a já conhecida Mamoa do Batateiro, monumento com mais de cinco mil anos – onde o Município investiu recentemente na sua proteção.

 

[Fotografias capa: Arqueozine / DR]

 

 

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