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Melgaço: Conheça a história do soldado ‘Melgaço’ que viveu de perto o Dia da Liberdade

26 Abril, 2018 - 11:13

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Esta podia ser uma reportagem em carteira, propositadamente feita para publicar no dia 25 de abril. Só que não. É publicada hoje porque ontem, precisamente 44 anos depois da Revolução […]

Esta podia ser uma reportagem em carteira, propositadamente feita para publicar no dia 25 de abril. Só que não. É publicada hoje porque ontem, precisamente 44 anos depois da Revolução dos Cravos, Rui Táboas veio ter connosco para contar-nos a sua história. “Eu estive lá. Eu estive no Largo do Carmo”, disse-nos com um sorriso. A curiosidade estava aguçada. Não era preciso mais.

Eram 2h00 da madrugada do dia 25 de abril de 1974. O Regimento de Infantaria 1 da Amadora dormia. Rui Táboas, a quem os camaradas alcunharam de Melgaço, estava de serviço na porta de armas. O soldado raso, então com 22 anos e natural da freguesia de Prado, foi chamado pelo comandante. “Vá acordar a 1ª Companhia”. Ordem cumprida. “Carregámos as armas com munições reais. Fomos para a parada”, contou. “Pensávamos que tinha havido um problema no Bairro Alto devido à prostituição. A Polícia Militar não deveria estar a conseguir resolver”, continuou. O pelotão seguiu para Lisboa. Ninguém, a não ser os oficiais, sabia ao que ia.

 

 

Pararam em Belém. “A fragata Gago Coutinho estava no Tejo a efetuar manobras de ataque. Pensámos que estávamos a ser atacados. Estivemos muito tempo ali parados”. Horas depois, o pelotão seguiu para o Carmo. Eram já 8h00. “Fiz parte de muitos que gritaram «Liberdade! Liberdade!». Vi Marcelo Caetano a entrar para o tanque. Há uma foto em que três soldados estão perto dele e um deles sou eu”, recordou Melgaço.

Ironicamente, o soldado Melgaço falava à Rádio Vale do Minho precisamente à hora em que se cumpriam exatamente 44 anos após estes acontecimentos. E tal como nesse dia, a manhã de ontem estava soalheira. Um sol já de Verão que iluminava agora os cabelos brancos do jovem soldado de abril. “Foi um dia fantástico! Finalmente a juventude ia ter a liberdade de poder expressar-se sem ter de estar a olhar para todos os lados a ver se a PIDE estava lá”. Uma lágrima de emoção já teimava em cair no olhar do soldado Melgaço. “São imagens que ficam! Sinto aquele orgulho no sangue de ter também contribuído para a nossa liberdade. Mas hoje era necessário outro 25 de abril por causa dos corruptos. Só que isso já é outro problema”, concluiu com um sorriso.

 

 

Assim como a 26 de abril rádios e jornais portugueses proclamaram vitória, a libertação dos presos políticos e a queda do regime, também a Rádio Vale do Minho – quis o acaso – se orgulha de recordar e renovar hoje o momento com a história do soldado Melgaço. Ele que viveu um momento que se traduziu na liberdade de podermos hoje publicar e emitir esta reportagem. Ao mesmo sabor da manhã seguinte, de 26 de abril, como há 44 anos atrás.

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