A líder do PSD Caminha, Liliana Silva, acusou esta terça-feira o presidente da Câmara local de falta de “visão estratégica para o futuro do concelho”. No dia em que foram noticiados os elogios da distrital ‘laranja’ ao seu trabalho, a vereadora aproveitou o momento para dar resposta à reação de Miguel Alves após o alarme dado recentemente pelo PSD.
Durante o mês passado, recorde-se, os social-democratas alertaram para um “tsunami financeiro” no Município. Em comunicado enviado à imprensa, a concelhia do PSD acusou a Câmara socialista de acumular, em dois anos de governação, prejuízos de cerca de quatro milhões e 300 mil euros. Ouvido na altura pela rádio Vale do Minho, Miguel Alves disse não perceber como chegou o PSD a estes números. “Até Abril, o presidente da Câmara tem de preparar as contas. Nem eu sei quais são os valores das contas. Sabemos da execução orçamental porque tem a ver com o dinheiro de 2015 que foi efetivamente gasto e efetivamente recebido em termos de receita. Não sabemos mais nada e o PSD parece saber tudo! Creio que vai ser mais um ‘tiro ao lado’ mas o PSD lá saberá como quer gizar a sua atividade política”, considerou o edil socialista.
Esta terça-feira, aos microfones da Vale do Minho, Liliana Silva deu a réplica. “O Sr. Presidente da Câmara não sabe onde é que o PSD foi buscar esses números porque não os conhece!”, atirou. “Se tivesse ido à contabilidade do Município e tivesse pedido exatamente o mesmo mapa que nós pedimos, teria tirado a mesma conclusão que nós tirámos. Caminha já está com um prejuízo [em 2015] na ordem dos 2,6 milhões de euros”, reiterou.
Sem palavras brandas, a vereadora referiu que “em Caminha tem faltado tudo! Falta rigor nas contas públicas, há prejuízos na ordem dos dois milhões de euros fruto de Orçamentos e Grandes Opções mal calculadas, há falta de apoio às nossas gentes”. “Neste momento vivemos com decisões avulsas, centradas em interesses eleitoralistas e na projeção da imagem do presidente”, lamentou.
Candidato à Câmara “terá de ter capacidade de reorganizar a casa”
Licenciada em Português/Alemão pela Universidade do Minho, Liliana Silva é também praticante de hóquei em patins. Estreou-se nas lides autárquicas em 2013, quando o PSD perdeu a Câmara de Caminha para o PS. “O mais difícil foi a desmotivação entre os militantes. As pessoas não acreditavam que, após 12 anos de um trabalho de grande maturidade política e de projeção do concelho, o PSD tinha perdido a Câmara”, recordou a autarca. “Obviamente que, naqueles apoiantes do PSD mais acérrimos, a política e o trabalho que se faz em prol das populações caiu no descrédito”.
Dois anos depois, Liliana Silva granjeou fama pelo espírito combativo que mostra tanto em reuniões de Câmara como nas redes sociais. O nome da vereadora já circula nos corredores da distrital do PSD como uma potencial candidata à Câmara de Caminha em 2017. “É um assunto que tem de ser tratado ‘dentro de portas’. Todos os que estiveram connosco nestes tempos difíceis terão de ser ouvidos. Será uma escolha da concelhia que deverá ser pensada com o sentido de responsabilidade e maturidade que o próprio cargo necessita”, sublinhou a dirigente à rádio Vale do Minho. Militante há mais de 20 anos, Liliana Silva deixa ainda a certeza de que “não haverá no PSD Caminha candidatos por vaidade ou por oportunismo. Queremos um candidato que dê prioridade ao nosso concelho, às nossas populações, instituições e associações. Terá de ter, acima de tudo, uma grande capacidade de reorganizar uma casa que está neste momento sem rumo e praticamente na falência”.
No álbum de memórias, Liliana Silva guarda as recordações do tempo em que liderou a JSD de Caminha. A mesma Liliana que foi a número seis na lista da coligação PSD/CDS-PP por Viana do Castelo nas últimas eleições legislativas. O mesmo rosto feminino – também de mãe – cuja obra realizada mereceu já o reconhecimento do presidente da distrital do partido. “Sinto-me lisonjeada. Acima de tudo, fico muito orgulhosa pela secção de Caminha e pelo trabalho que esta comissão política tem feito”, disse a vereadora. “É um trabalho coletivo pelo que o reconhecimento deve ser sempre feito nesse sentido”, finalizou.
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