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São cerca de meia centena de pescadores de Caminha, Vila Praia de Âncora e Castelo de Neiva que se mostram indignados com o que consideram “tratamento desigual” dado pelos responsáveis do empreendimento eólico Windfloat Atlantic (WFA) às embarcações que pescam no local agora ocupado pela obras de construção do parque eólico.
Recorde-se que a WFA é um projeto de central eólica offshore orçado em 125 milhões de euros, coordenado pela EDP Renováveis e que integra como parceiros a Principle Power, a Repsol, a Portugal Ventures e a metalúrgica A. Silva Matos.
“O novo parque eólico cria uma zona de interdição de pesca ao longo do cabo submarino que liga a plataforma à costa (meio quilómetro para cada lado do cabo) numa extensão de várias quilómetros. O facto, impede as embarcações de exercerem a sua atividade e aumenta a procura nas zonas envolventes”, lamenta a Associação de Pesca Profissional do Rio Minho e Mar (APRMM) em nota enviada à imprensa.
“É este facto que indigna os pescadores de 49 embarcações locais de Caminha, Vila Praia de Âncora e Castelo do Neiva esquecidos nas negociações que os responsáveis pelo consórcio, sob mediação do Governo, fizeram com algumas outras embarcações sem que se conheça o critério dessa exclusão”.
De acordo com os pescadores, 16 embarcações costeiras “foram privilegiadas com 1 milhão de euros e outras 28 embarcações locais foram beneficiadas com 500 mil euros de novas compensações, tendo sido postas de lado 49 embarcações locais que têm direitos de pesca sobre a mesma zona”. “Vão ver, áreas mais próximas dos seus portos, afetadas pelo aumento do esforço provocado pela interdição”, lamentam.
Em reunião com o presidente da Câmara Municipal de Caminha, Miguel Alves, os pescadores pediram apoio no sentido de se fazerem ouvir junto do consórcio e do Governo.
“A indignação pelo esquecimento das suas embarcações e das suas famílias é maior por não se conhecerem os critérios da preferência de umas embarcações pelas outras, de não serem ouvidos pelas entidades públicas e privadas, de terem um duplo prejuízo pela diminuição da área de pesca e de estarem centenas de postos de trabalho em risco”, explica a APRMM.
“O sentimento de injustiça é ainda maior pela perceção que há que aqueles que sempre estiveram de boa fé no processo não têm direito a nada e aqueles que, sem razão, ameaçaram boicotar festas e a prossecução da obra saíram beneficiados com 1,5 milhões de euros”.
O autarca caminhense (PS), prometeu colocar a questão ao Governo “de modo a que se possa encontrar uma solução justa, rápida e eficaz para esta situação e evitar qualquer ação mais intempestiva por parte dos pescadores indignados”.
No entanto, estão já várias formas de protesto em cima da mesa. E uma delas passa por marcar presença no comício do PS em Viana do Castelo, esta sexta-feira, no Largo da Estação às 21h00. Um comício que, recorde-se, conta com a presença do Secretário-Geral do PS, António Costa.
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