A Junta de Merufe, em Monção, vai distribuir gratuitamente equipamentos de teleassistência, ligados diretamente aos bombeiros, a vinte idosos, carenciados e que vivem sozinhos, anunciou o autarca local.
“No ano passado, tivemos dois casos de idosos que viviam sozinhos e morreram em casa, sem ninguém ter percebido. Isso despertou-nos ainda mais para o problema, porque a nossa população é muito idosa”, começou por explicar à Agência Lusa o autarca de Merufe, Márcio Alves.
Acrescentou que na freguesia estão identificados pelos Serviços Sociais cerca de 40 casos de idosos, sozinhos ou casais, “que precisam de maior atenção”.
“Para já, vamos começar a selecionar aqueles cuja necessidade é mais urgente. Serão vinte, nesta fase, e vamos ver como é a recetividade das pessoas”, explicou ainda, assegurando a Junta os custos mensais e a instalação.
No concelho de Monção funciona um serviço de teleassistência a idosos, promovido por instituições locais de solidariedade social e ligado diretamente aos bombeiros, através de uma pulseira de socorro.
Segundo os promotores do projeto, o objetivo passaria por ter já cerca de 50 equipamentos ligados, mas a “desconfiança” e “falta de informação” desta camada populacional só permitiu instalar 26 sistemas, num universo de 300 idosos que vivem sozinhos no concelho.
“A maior parte destes idosos não sai de casa ou da freguesia, nem percebem o que se passa. Acabam por não ter noção do perigo que, por vezes, correm, se precisarem de ajuda, mas ainda resistem muito”, explicou à Lusa Fátima Afonso, coordenadora deste projeto liderado pelo Centro Social e Paroquial Padre Agostinho Caldas Afonso.
Trata-se de um sistema lançado em 2010 por instituições particulares de solidariedade social de Monção e cujos custos mensais, para os idosos, podem variar entre os dois e os 14 euros, em função dos rendimentos.
No caso de 20 idosos de Merufe, estes custos serão para já suportados pela Junta local, num processo de seleção que arrancou hoje, com o apoio de militares da GNR, que procedem ao recenseamento da população idosa.
“Estas pessoas, face a tudo o que tem acontecido, como burlas e assaltos, desconfiam de tudo. Com o apoio da GNR é possível ter outra confiança por parte das pessoas”, admite Fátima Afonso.
É o caso de Maria de Fátima Dias, de 79 anos, uma das muitas que, na freguesia, vive sozinha.
“Acho que deve ser muito complicado para mim, mas se me explicarem como funciona, talvez consiga”, confidenciava a idosa, depois de uma primeira abordagem por parte dos militares da GNR.
Com a confiança nos guardas garantida, lá confessa que ainda hoje passa o tempo entre o campo e a casa, pelo que qualquer “ajuda é boa”.
“Se é só carregar no botão, vamos a isso”, lá atirou, ao fim de poucos minutos.
O sistema consiste num pequeno aparelho colocado numa pulseira em que o idoso, em caso de necessidade de auxílio, aciona o botão fazendo soar o alerta na central dos Bombeiros Voluntário de Monção.
O operador faz então uma chamada para a casa da pessoa, atendida automaticamente em alta voz, para que o idoso se faça ouvir, podendo reencaminhar a ligação para o posto local da GNR.
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