Em 120 anos muitas coisas mudam. Outras nem tanto.
Os dados mais recentes da GNR referem que, entre os passados dias 11 e 17 de agosto, 87 condutores foram apanhados em excesso de velocidade nas estradas do Alto Minho.
Tem vindo a ser a infração mais praticada ao longo dos últimos anos.
Curiosamente, conta Valter Alves, professor e investigador da história de Melgaço no blog Melgaço Entre o Minho e a Serra, que já no início do século passado existiam condutores a dar dores de cabeça à população.
Vivia-se a época de ouro das Termas de Melgaço.
10 Km/h dentro das localidades e 30 Km/h fora delas
Uma notícia breve no Jornal de Melgaço, na sua edição de 25 de junho de 1908, refere que “nestes últimos dias tem sido grande o trânsito de automóveis, provavelmente para as águas do Pezo. Não podemos deixar de lamentar a velocidade que levam ao passar nesta villa, podendo isso causar algum desastre.”
Dias depois, a 23 de julho, o mesmo jornal volta à carga.
“É frequente, durante a estação aquista do Pezo, percorrerem a estrada real e ruas desta villa, alguns automóveis, a maior parte de delles sempre com grande velocidade, o que é expressamente prohibido pelo artigo 35º do decreto de 3 de outubro de 1901, que dizem: «a velocidade dos automóveis não deverá exceder, normalmente, 10 kilómetros por hora dentro das povoações e 30 kilómetros fora dellas»”, lê-se
“Suponhamos que um automóvel causa a morte de um boi ou duima creança? Nada mais natural do que dar isso logar a um sério conflito, e uma desgraça dessas entre nós é tão fácil de acontecer como se bebe um copo d’água, porque os nossos lavradores trazem constantemente o gado solto e muitos pais de família têm o péssimo costume de deixar andar os seus filhos sós, pelas ruas, ainda que sejam de tenra idade“, alerta.
Ainda segundo Valter Alves, o trânsito automóvel viria a sofrer algum alívio somente em 1912, com a primeira empresa de camionagem do concelho: a Auto-Melgaço, propriedade de Cícero Cândido Solheiro, que assegurava ligação entre o comboio e o Peso, a vila de Melgaço e São Gregório.
Comentários: 0
0
0