Cerca de uma centena de populares de Lanheses, em Viana do Castelo, protestaram ontem ao som de “Grândola Vila Morena” contra a transferência do serviço de correios dos CTT para um agente privado local.
“Este serviço tem de ser mantido como público e a Junta está na disponibilidade de ceder um espaço, mas sem ter encargos com funcionários. Essa não é a nossa competência, muito menos quando a empresa está para ser privatizada. Se for nessa base, estamos disponíveis para negociar com os CTT”, afirmou à Lusa o autarca de Lanheses, Ezequiel Vale.
Pela segunda vez em dois anos, a população daquela freguesia de Viana do Castelo saiu à rua em protesto contra o encerramento da estação local dos CTT, recordando que esta serve 12 localidades, também do vizinho município de Ponte de Lima.
Em julho de 2011 a mesma mudança, prevista na altura, acabou por não se concretizar.
Já o protesto de ontem decorreu à porta da estação de correios da vila, encerrada por “questões de segurança” conforme aviso colocado à porta durante todo o dia, apesar de a manifestação só ter começado pelas 18:30.
Cerca de uma centena de pessoas lançaram gritos de protesto contra o encerramento, terminado a ação, menos de uma hora depois, ao som de “Grândola Vila Morena”.
“Estamos a falar de uma população idosa, desfavorecida, que não vai ter confiança num serviço público tão sério como prestado por privados, nem meios para ir a uma estação em Viana ou Ponte de Lima”, explicou Ezequiel Vale, assumindo que a mudança do serviço local para uma loja de eletrodomésticos “já está em curso”.
No concelho de Viana do Castelo está previsto também o encerramento das estações de Darque e Vila Nova de Anha, passando esses serviços para agentes locais privados.
Estas três Juntas de Freguesia, em colaboração com a Câmara, vão fazer chegar à administração dos CTT uma proposta para assegurar o serviço, mas sem assumirem custos com funcionários.
Contactada pela agência Lusa, a administração daquela empresa pública confirmou a “transferência dos serviços” prestados na estação de Lanheses “para um posto de correio localizado a 50 metros de distância entretanto criado”, estimando por isso um “impacto nulo” desta mudança para a população.
Um posto de correio, explicou a fonte, “é um balcão postal explorado por um parceiro dos CTT, seja um particular ou uma Junta de Freguesia”, que “recebe formação especializada e é remunerado pelos Correios para esta prestação”. Já uma estação “é uma loja diretamente explorada” pela empresa.
“Todos os serviços postais continuam sempre disponíveis a 100%, incluindo os pagamentos de vales de prestações sociais, a cobrança de faturas e a receção de objetos registados e encomendas, entre outros”, assume a administração dos CTT sobre o futuro espaço de Lanheses.
“Esta transferência não implica qualquer perda de postos de trabalho, uma vez que os trabalhadores colocados em Lanheses continuarão a exercer a sua atividade noutras estações nas proximidades”, asseguram os CTT, o mesmo garantindo em relação à “normal distribuição feita pelos carteiros”, que continuará a ser feita “todos os dias, nos mesmos moldes, com os mesmos giros e pelos mesmos profissionais”.
A empresa diz que vai manter em Lanheses um posto de correio e um agente payshop.
No concelho de Viana do Castelo, acrescentam os CTT, continuarão em funcionamento quatro estações de correio, 24 Postos de Correio, 13 postos de venda de selos e 35 agentes payshop.
Comentários: 0
0
0