A preocupação está a tomar conta dos professores do 1º Ciclo do Ensino Básico na Galiza, Espanha. Tudo porque nos últimos dias chegam relatos de vários estabelecimentos “onde crianças de oito, nove e 10 anos“, de acordo com o La Voz de Galicia, replicam de forma evidente cenas de Squid Game, uma série sul-coreana – considerada violenta – mas que se tornou um fenómeno global através da Netflix. A série é recomendada apenas a maiores de 16 anos.
Com o Halloween à porta, já há escolas a tomar medidas drásticas por toda a Espanha. Em Madrid, conta ainda aquele jornal, já existe uma escola onde a direção proibiu totalmente fantasias relacionadas com aquela série.
Psicólogos preocupados, mas surpreendidos
Em declarações ao La Voz de Galicia, a presidente da Secção de Psicologia Educacional do Colégio Oficial de Psicologia da Galiza, Manuela del Palacio García, admitiu que o cenário é preocupante, mas manifestou alguma surpresa perante o cenário.
“Há anos demos o alerta sobre menores que consomem pornografia sem qualquer filtro ou controlo. Há também menores a consumir jogos que incitam o vício. Agora chegou esta série e de repente todos os alarmes disparam porque são conteúdos violentos!”, exclamou. “Têm maior importância do que a pornografia ou o vício do jogo?”, questionou.
No entanto, outros especialistas alertam que “ter filhos a fazer isso nas escolas não significa que tenham visto a série”. Ou seja, pode ter chegado a eles “através de plataformas como o YouTube, Tik Tok”, entre outras.
“Série perverte jogos das crianças”
Entre um ou outro ponto divergente, os especialistas galegos parecem consensuais num ponto. “A série apropria-se de brincadeiras infantis, roubando-as para o seu roteiro”, considera Sylvie Pérez, psico-pedagoga e docente colaboradora nos Estudos de Psicologia e Educação na Universidade Aberta da Catalunha.
A psicóloga educacional diz mesmo que muitas crianças já deixaram de chamar “Macaquinho do Chinês” ao conhecido jogo infantil para chamar-lhe “Squid Game“.
“O problema é que na ficção morrem mesmo. E isso para uma criança é muito difícil de entender, dado que ainda não tem a capacidade cognitiva desenvolvida”, alerta. “A série perverte jogos que são para crianças. Que objetivo temos para os cidadãos do futuro quando os deixamos assistir a séries como esta?”.
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