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Viana do Castelo

ENVC: Trabalhadores pedem reuniões a três ministros face ao “alerta” da Venezuela

15 Fevereiro, 2012 - 14:36

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A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros de Viana considerou hoje “extremamente preocupantes” as afirmações da delegação da Venezuela, que está de visita à empresa e disse que “nada há a negociar” sobre a construção de dois navios.

A Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros de Viana considerou hoje “extremamente preocupantes” as afirmações da delegação da Venezuela, que está de visita à empresa e disse que “nada há a negociar” sobre a construção de dois navios.

“É um alerta extremamente preocupante. Um grande grito de alerta que vai ao encontro das nossas preocupações, que preferíamos não ter”, disse à Lusa António Barbosa, porta-voz da Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

Em causa está um contrato de 128 milhões de euros assinado pelos estaleiros com a Empresa de Petróleos da Venezuela (PDVSA) há mais de um ano, prevendo a construção de dois navios asfalteiros, mas que ainda não saiu do projeto face à falta de liquidez dos ENVC em garantirem a aquisição de aço e outro material.

“O que havia para negociar está negociado e está no contrato que foi assinado, onde está escrito que o primeiro navio é para ser entregue em fevereiro de 2014. Além de alguns detalhes técnicos, não há mais nada para negociar”, afirmou esta semana à Lusa fonte da delegação da PDVSA, de visita aos ENVC até quinta-feira.

“Inexplicavelmente, esta construção ainda não arrancou. Podíamos estar todos a trabalhar e a produzir”, criticou, por seu turno, o porta-voz da Comissão de Trabalhadores dos ENVC, acrescentando que já foram pedidas reuniões “urgentes” aos ministros da Economia, da Defesa e das Finanças.

“A cada hora aumentam as nossas preocupações. Entendemos que estes superministros são as figuras de grande peso que podem desencalhar de vez os estaleiros”, reconheceu António Barbosa.

Em declarações à Lusa, o representante da delegação venezuelana admitiu que os ENVC já não receberam, em setembro, uma tranche de cerca de 6,5 milhões de euros (5 por cento do contrato) e este mês outra, de quase 13 milhões (10 por cento), por ainda não se ter iniciado a fase de construção dos dois navios asfalteiros.

“Neste caso, podemos afirmar, como se diz na minha terra, que é o cliente que anda atrás da encomenda”, apontou o mesmo responsável, referindo-se ao facto de a administração dos ENVC ter admitido estar a tentar renegociar o contrato.

Sobre este assunto, fonte da administração dos ENVC contactada pela Lusa, sublinhou que “a data de entrega dos asfalteiros prevista no contrato é 2014 e o calendário de produção permite o cumprimento desse prazo”.

Os ENVC já receberam a primeira tranche, de 10 por cento do contrato, e desde julho que têm o projeto de construção concluído e pronto para avançar, o que não acontece devido à falta de liquidez para garantir a aquisição do material necessário.

Contudo, como foi revelado recentemente pela empresa, os 13 milhões de euros recebidos em 2011 foram gastos pela administração anterior em despesas correntes dos ENVC, nomeadamente no pagamento de salários.

“O que esperamos é que, pelo menos, nos apresentem as ordens de compra do aço e dos motores durante o mês de fevereiro. Depois dessa data, começa a ser muito difícil que venham a cumprir os prazos”, disse o representante da delegação da Venezuela.

Já a administração dos ENVC, questionada sobre esta posição, afirmou apenas que “nunca se pronunciará publicamente sobre negociações ou questões contratuais com os seus clientes”.

Este contrato é o único ainda ativo naquela empresa pública e representa cerca de 1,3 milhões de horas de trabalho durante três anos.

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