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País

Defensor Moura: "Cavaco deve chamar líderes" e forçar entendimento

23 Agosto, 2010 - 07:52

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O deputado socialista e candidato à Presidência da República desafia Cavaco Silva a chamar já o Governo e a Oposição para forçar um entendimento. Se não conseguir, "é melhor provocar eleições". Em entrevista ao JN, diz ainda que o PS apoia Manuel Alegre com resignação.

Há espaço para mais uma candidatura de Esquerda?
Há muito espaço. Quantos mais candidatos houver, especialmente se tiverem um currículo diversificado, mais serão os votos que poderão conquistar à Direita.

Independentemente de haver ou não apenas uma candidatura de Direita?
Principalmente se houver só uma candidatura do lado direito. Haverá a possibilidade de cada um de nós ir buscar mais votos ao centro, que é onde se ganham as eleições. O PS não escolheu bem o candidato porque foi capturado pela extrema-esquerda e deixou o espaço do centro-esquerda livre para ser conquistado pela Direita.

Mas acabará sempre por disputar o centro-esquerda com Manuel Alegre.
Sim, é evidente que haverá sobreposição. Mas temos que multiplicar os votos à Esquerda para evitar que a Direita ganhe com facilidade na primeira volta.

Não acredita que Alegre consiga derrotar Cavaco Silva?
Logo no início, ficou como candidato do BE que o PS apoia três ou quatro meses depois.

Onde é que as coisas falharam?
Houve demasiadas hesitações e isso reflecte menor unanimidade. Ficou a perceber-se que o apoio a Alegre foi uma inevitabilidade. A estrutura não teve alternativa e é com resignação que o apoia.

Diz ter sido incentivado após o apoio oficial do PS a Alegre? Por quem?
Por colegas do Parlamento e na própria reunião onde se discutiu o assunto. Há uma candidatura em que o partido maioritário se alia à extrema-esquerda. E é precisamente o BE que menos sintonia tem com o PS no Parlamento.

Não quer dividir o PS mas tem apoios de membros do grupo parlamentar…
Uma candidatura presidencial é individual. E a votação também. Não vou dividir a estrutura do PS. O aparelho está com Alegre.

Conversou com José Sócrates e, também, com Mário Soares. O primeiro tentou demovê-lo?
Ninguém tentou demover-me.

Sentiu algum tipo de incentivo por parte de Mário Soares?
Não quero dizer isso. É a eles que deve colocar essa pergunta. Tentarei sempre não comprometer ninguém com as minhas decisões. E não deitar a culpa a outros.
Alegre merece ter o apoio do PS?
Todos têm direito a ter o apoio do PS desde que o conquistem, eu não tentei. Alegre tornou uma inevitabilidade para o partido apoiá-lo, foi uma boa estratégia. Concorro com ele, não contra ele.
Cavaco Silva é um bom presidente?
Especialmente no último ano, tem retirado dignidade ao cargo porque enreda-se numa teia de declarações que são entendidas como recado aos outros órgãos de soberania. Podemos compará-lo a um comentador político. Tem de haver algum recato e não é correcto o presidente da República vulgarizar-se, mediatizando opiniões e gaguejando tantas vezes por não saber o que dizer. Até porque diz coisas que tem de corrigir depois, o que lhe retira prestígio.
O actual presidente é respeitado?
Podia ser mais. O procurador da República comparou-se à rainha da Inglaterra. Ela tem apenas um poder simbólico mas como fala pouco é ouvida. E sendo ouvida é respeitada. E isso é o que o procurador e todos os órgãos de soberania deveriam levar à prática.
Está a dizer que Cavaco Silva deveria falar menos?
Sim, devia falar menos. E deveria pensar sempre antes de falar.
Sugeriu que deveria ter dissolvido a Assembleia no início deste ano.O Governo deveria ter tido a possibilidade de fazer acordos estáveis com a Oposição. O presidente da República tinha obrigação de exercer a sua magistratura de influência e criar condições para uma governação tranquila e eficaz. Se persistisse a instabilidade, deveria dissolver a Assembleia.
O líder do PSD ameaçou chumbar o Orçamento.
É uma ameaça gratuita. Se a avaliação que o PSD faz da situação é assim tão grave, então que apresente uma moção de censura.
O que deve, agora, fazer o presidente da República?
Está a assistir passivamente a esta encenação de dramatização política. Deve chamar imediatamente os líderes dos partidos e o Governo e pressioná-los a fazer um entendimento. Até porque o prazo para dissolver a Assembleia é até 9 de Setembro. É fundamental haver um Orçamento de Estado. Se vir que não há essa perspectiva, é melhor provocar eleições.
Este Governo vai chegar ao fim?
Se um governo não conseguir ter a eficácia necessária para dar credibilidade e estabilidade governativa, deve ser substituído. O presidente não é um adversário do Governo, deve ter cumplicidade. Tem também responsabilidade se este Governo não chegar ao fim.
Se for eleito, dissolve a Assembleia?
Se não conseguir soluções estáveis, não prolongarei durante um ano a instabilidade governativa.
O presidente deve ter mais poderes?
Os poderes são suficientes, de todos os órgãos. Mas o mandato deve ser único, para não haver no final esta flexibilidade táctica do presidente, que não exerce totalmente as competências, como a de dissolver a Assembleia, porque isso pode prejudicar a reeleição.
O referendo sobre regionalização deve ser logo após os presidenciais?
O mais depressa possível. E deve fazer-se uma alteração para haver possibilidade de criar regiões sem serem todas em simultâneo.
Deve haver uma região-piloto?
Nunca deve ser a administração central ou os partidos a dizer

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