A população de Castelo de Neiva apelou para que a obra de emergência para consolidação do cordão dunar destruído pelo mar avance antes das marés vivas da próxima semana, ou a água poderá chegar ás habitações.
"Eu acredito que vão fazer alguma coisa. Têm que fazer, porque senão não sei o que será disto", apontou à Agência Lusa Maria dos Anjos Silva, moradora de uma das casas em perigo.
A casa já lá está há 42 anos e Maria dos Anjos admite já ter passado "alguns sustos", que nos últimos dias passaram a "preocupação real".
"O vento à noite mete respeito, juntamente com o mar a bater", conta, enquanto faz contas à areia que a praia tinha ainda "há uns vinte anos".
"Mais de cinquenta metros. Agora não tem nada, aliás está em cima das casas", desabafa.
Na última semana o mar galgou uma zona de cordão dunar com cerca de 80 metros de extensão e 15 de largura, levando a água até perto das habitações, todas construídas há mais de 40 anos, mas que pelo menos esta noite deverão "escapar" ás investidas.
"O problema não é agora, é quando a lua mudar, para a semana, e vierem as marés vivas. Se não fizeram nada até, o mar vai fazer muitos estragos", explica Euclides Cunha, pescador há 40 anos, não fosse Castelo de Neiva uma das maiores comunidades da pesca artesanal no norte do país.
"Se isto fosse noutro ponto do pais já tinham feito alguma coisa, mas parece que o norte não faz parte de Portugal", apontou, por outro lado, Augusto Bandeira, presidente da Junta de Castelo de Neiva.
"Isto é chocante. Estamos a ficar sem pedaços da freguesia. São seis metros de praia que perdemos por ano e todas as autoridades sabem disso, só que andam sempre a adiar fazer alguma coisa e só depois de casa roubada é que põem trancas à porta", criticou.
Técnicos da Administração Regional Hidrográfica do Norte (AHRN) visitaram o local anunciaram que na próxima semana deverão avançar as obras de reforço do cordão dunar.
A parte frontal será protegida com a colocação de pedra, para travar o avanço do mar e a areia poderá ser retirada de uma zona mais a norte. Até porque como lembra Augusto Bandeira, "areia não falta", mas está "no local errado".
"Temos 40 a 50 embarcações de pesca tradicional que não vão ao mar há 15 dias porque este portinho [de Castelo de Neiva] está assoreado e não podem sair", apontou Augusto Bandeira.
Na origem desta situação estão "problemas técnicos", na construção do portinho, que propiciam a concentração de areia no local, impedindo a faina.
"São 100 famílias inteiras prontas para viveram na miséria porque não têm trabalho há quinze dias", afirmou ainda Augusto Bandeira, classificando a situação como "dramática" e que poderia ser resolvido com uma correção naquela estrutura.
FONTE: LUSA
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