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O presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves (PS), desdramatizou o anúncio feito esta semana pelo Partido Ecologista Os Verdes (PEV), que dá conta da confirmação da exploração de lítio na Serra d’ Arga. Recorde-se que aquele partido publicou um comunicado, no seu site oficial, onde diz ter conseguido a confirmação do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, dos nove lugares abrangidos pelo concurso público para exploração do lítio.
Em declarações à Rádio Vale do Minho, o edil caminhense disse mesmo que este é um assunto “requentado” e que “não há qualquer novidade em relação ao que se sabe há um ano atrás”.
“Há uma zona para prospeção de lítio limitada e denominada Serra d’Arga. Mas essa zona é vastíssima. Abrange os concelhos de Caminha, Viana do Castelo e Ponte de Lima. No entanto, sabemos também que há um compromisso político inviolável: há toda uma zona de interesse comunitário a que se junta todo o Vale do rio Âncora que não terá qualquer prospeção”, assegura Miguel Alves. “Ou seja, qualquer pedido de prospeção nesta área nem sequer será avaliado. Será desde logo chumbado porque estamos a falar numa zona protegida”.
Miguel Alves: “Há toda uma zona de interesse comunitário a que se junta todo o Vale do rio Âncora que não terá qualquer prospeção.”
No entanto, Miguel Alves admite que poderão existir zonas onde poderá ocorrer a prospeção/exploração de lítio. “Só que essas zonas não correspondem ao maciço propriamente dito. E aqui o Município já manifestou a sua posição. Bem fundada e politicamente consistente, a dizer que nos vales e nos rios e em tudo o que possa afetar áreas protegidas não queremos prospeção de lítio de nenhuma maneira”, recordou o autarca. “Noutras áreas terão sempre de avaliar-se os impactos ambientais, prejuízos causados às pessoas tentando equilibrar aquilo que são os valores naturais e os valores da própria prospeção”.
“Vergonha!!!”, atira vereadora do PSD
Visão bem diferente tem a oposição social-democrata na Câmara de Caminha. De baterias apontadas ao Governo, Liliana Silva não perdoou na sua página do facebook. “Vergonha!! Foram muitos, os péssimos protagonistas, que andaram a aproveitar-se dos cargos que ocupam para gerarem desinformação. Foram muitos, os péssimos protagonistas, que colocaram o partido à frente dos territórios e das suas gentes. Foram muitos, os péssimos protagonistas, que sob o manto da ignorância, tentaram dizer que afinal não ia acontecer nada , quando afinal vai acontecer tudo”, disparou a vereadora do PSD.
Liliana Silva vai mais longe e diz mesmo que “são muitos os que agora se calam, por ordens superiores, ou obediência partidária. São muitos os que tentam que alguns se calem, para que isso não estrague a imagem política de certos protagonistas”.
Liliana Silva: “São muitos os que agora se calam, por ordens superiores, ou obediência partidária.”
A autarca, que ficou também conhecida na Assembleia da República como deputada anti-lítio, promete não desarmar de uma causa que tem vido a defender de forma acérrima. “Somos milhares que lutarão pelo seu território e pelas suas gentes. Somos milhares que tudo faremos para que não destruam o que temos de mais valioso. Somos milhares e não permitiremos que esventrem as nossas serras de forma cega”, promete.
“Estes locais não pertencem a um Ministro nem a um partido. Pertencem aos portugueses. Portugal não está à venda!”, conclui Liliana Silva.
Miguel Alves: “Já estamos habituados a essa vozearia sem sentido”
Instado a comentar esta visão da vereadora social-democrata, Miguel Alves questiona a legitimidade dos sociais-democratas para opinar nesta situação. “Esse estilo da vereadora Liliana Silva já é por demais conhecido. Já estamos habituados a essa vozearia sem sentido”.
Ato contínuo, puxou do histórico autárquico. “Estamos a falar de um Executivo que, pela primeira vez nos últimos anos, está a defender a Serra d’ Arga! Nunca nenhum outro Executivo defendeu esta serra”, lembrou.
E mandou o inevitável recado à direita. “Nunca nenhum outro Executivo anterior a este defendeu a Serra d’ Arga. Sempre bateu palmas ou não se opôs a qualquer mineração de lítio na Serra d’ Arga. Nunca mexeram uma palha para levar eletricidade ao Mosteiro de S. João! Nunca tiveram o cuidado de levar a rede telefónica à Serra d’ Arga! Sempre acharam a serra como um lugar pitoresco, muito giro mas onde não se devia fazer nada”, lamentou o presidente da Câmara.
[Fotografia: Serra d’ Arga / Direitos Reservados]
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