Cerca de 35 bombeiros municipais de Viana do Castelo entregaram, esta terça-feira, na Câmara, os respetivos telemóveis de serviço protestando contra o “uso abusivo” da disponibilidade permanente a que dizem estar sujeitos.
“Os bombeiros entregaram os telemóveis e limitam-se a fazer os horários que estão estabelecidos. Se precisarem de nós [fora de serviço], têm que o fazer como antigamente, ou seja, tocam a sirene”, afirmou Miguel Gramacho, um dos elementos daquele corpo profissional, tutelado pela Câmara Municipal.
O “mal-estar”, afirmam estes profissionais, arrasta-se há vários meses e resulta, acrescentam, de uma “luta interna pelo poder”.
Acrescentam que todos os contactos entre os representantes dos bombeiros e a Câmara, sobre estes problemas, resultaram, até agora, inconclusivos.
Durante o protesto, que reuniu cerca de 35 bombeiros – de um corpo em funções com 44 elementos -, estes profissionais entregaram na autarquia uma resolução contestando o “procedimento abusivo levado a cabo pela Câmara Municipal”, ao decidir deixar de pagar essas horas extraordinárias.
Segundo Miguel Gramacho, a Câmara decidiu que o subsídio atribuído pela disponibilidade permanente e obrigatória, à qual estes profissionais estão vinculados, “paga todo o serviço extraordinário” prestado quando são chamados em gozo de folgas ou sem estarem escalados para serviço.
“A partir de agora passaremos a vir ao toque da sirene. Escravos é que não somos, porque o que está em causa é trabalharmos de graça. Se não estou de serviço e sou chamado para vir socorrer as populações, apesar de estar na praia ou noutro sítio qualquer, o mínimo que têm de fazer é pagar-me”, afirmou ainda o porta-voz dos bombeiros, com cerca de 25 anos de serviço na corporação.
“É uma atitude que não mostra respeito por nós e a única Câmara que tomou uma decisão destas em todo o país”, sublinhou.
Na resolução que entregaram na Câmara Municipal, exigem o “pagamento de todo o trabalho realizado para além do horário normal e em períodos de descanso diário ou semanal”, bem como a “reposição do descanso compensatório por trabalho extraordinário realizado em dia de descanso semanal obrigatório”.
Alegam ainda que está por regularizar o pagamento de cerca de 4.000 horas extraordinárias realizadas por estes profissionais entre 2010 e 2011.
Antes do protesto desta terça-feira à tarde, que terminou com a entrega de mais de trinta telemóveis de serviço na Câmara de Viana do Castelo e envolveu uma marcha pela cidade, frases de contestação e vários cartazes, uma última tentativa de entendimento entre o autarca José Maria Costa (PS) e os bombeiros resultou infrutífera.
Novo encontro está agora agendado para dia 16 de outubro.
Antes desta nova reunião a autarquia anunciou não comentar este protesto.
Os bombeiros garantem que os protestos vão continuar e poderão passar, ainda, por greves e ações de solidariedade, em Viana do Castelo, envolvendo outros colegas do país.
“Porque infelizmente só se lembram dos bombeiros quando precisam”, rematou Miguel Gramacho.
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