Os órgãos regionais de Viana do Castelo e locais de Caminha do Bloco de Esquerda (BE) anunciaram hoje que só vão assegurar “serviços mínimos” devido ao “taticismo eleitoral” da Nacional, que rejeitou uma coligação autárquica com o PS.
A posição foi assumida hoje pelos dirigentes locais e regionais do partido, em conferência de imprensa realizada em Caminha, face à inviabilização de uma coligação pré-eleitoral autárquica com o PS, naquele concelho, pelos órgãos nacionais do BE.
“A realidade local tinha de ser percebida [pela Nacional] e não podia ser deitada abaixo por mero taticismo eleitoral”, acusou o coordenador distrital do BE, Luís Louro.
O acordo eleitoral autárquico com o PS – que durante a fase negocial dos últimos meses ainda envolveu elementos do PCP, partido acabou por não aceitar fazer coligação -, foi aprovado pelo núcleo de Caminha e pela estrutura coordenadora distrital de Viana do Castelo do BE.
Surgiu “do consenso e desejo locais” de “toda a oposição” à gestão social-democrata na Câmara, mas a direção nacional do BE não o validou, alegando que, por ser uma coligação entre apenas dois partidos, “contraria a orientação que decorre da Moção aprovada na última Convenção Nacional”.
O chumbo foi confirmado, no sábado, pela Mesa Nacional do partido, após recurso dos dirigentes locais e regionais, que não têm o mesmo entendimento.
“Se fosse uma coligação com outro qualquer partido de esquerda que existisse em Caminha e o PS já podia ser feita. Só que em Caminha não existem representantes de mais partidos da esquerda para nos coligarmos, tendo em conta que o PCP se autoexcluiu”, afirmou o responsável.
Questionado pela Lusa, aquele dirigente admitiu que os órgãos nacionais do BE não se querem “colar” ao PS.
“É o que parece”, disse Luís Louro.
A posição foi partilhada na mesma conferência de imprensa por Jorge Teixeira, membro da Mesa Nacional do BE e que encabeçou a lista à Câmara de Viana do Castelo em 2009, assumindo agora a “indisponibilidade” para qualquer candidatura.
Também o coordenador do núcleo de Caminha do BE garantiu que localmente os eleitos do partido vão cumprir apenas o atual mandato, estando “indisponíveis” para continuar em funções depois das autárquicas, às quais não vão apresentar qualquer lista.
“Há aqui detalhes que têm a ver com as táticas dos partidos, os quais não estávamos habituados a ver no Bloco”, criticou Carlos Torre.
Quer o núcleo de Caminha, quer a coordenadora distrital dizem-se “em serviços mínimos” face à “censura” dos órgãos nacionais a um “bom acordo” pré-eleitoral “sobretudo para a população de Caminha”.
Luís Louro anunciou a convocação para maio de eleições para os órgãos distritais, estrutura que lidera desde a fundação do partido, mas à qual não se vai recandidatar devido à situação criada em Caminha.
Nas autárquicas de 2009 o BE apresentou listas próprias no Alto Minho, casos de Viana do Castelo, Monção e Caminha, tendo garantido cinco eleitos em assembleias municipais e um numa assembleia de freguesia.
“Há coisas mais importantes na política do que os resultados das eleições. É pelo menos essa a nossa opinião”, rematou Louro.
A lista socialista àquela Câmara será encabeçada por Miguel Alves.
A Câmara de Caminha é liderada desde 2001 por Júlia Paula Costa, pelo PSD, que este ano não se recandidata por ter atingir o limite de mandatos, pelo que a lista daquele partido será liderada pelo atual vice-presidente, Flamiano Martins.
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