O presidente da Câmara de Viana do Castelo lamentou hoje as declarações de Francisco Van Zeller sobre os trabalhadores dos estaleiros locais, acusando o líder da comissão de fiscalização à reprivatização de usar a empresa “como palco” para “protagonismo”.
“O doutor Van Zeller, se calhar, estava com falta de protagonismo, de palco, desde que saiu da CIP. Só tenho pena é que o palco sejam os estaleiros de Viana”, afirmou o socialista José Maria Costa.
O antigo presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) Francisco Van Zeller afirmou, em declarações à Antena 1, que um dos problemas dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) é o seu “passivo gigante”, mas considerou existir “um passivo pior”: A mão-de-obra “muito antiga, muito desatualizada e muito habituada a maus hábitos” e “um sindicato comunista muito violento” que está “enquistado” na empresa.
Francisco Van Zeller foi recentemente nomeado para liderar a comissão especial de acompanhamento da reprivatização dos ENVC, mas o presidente da Câmara de Viana do Castelo afirma ser “um fato” que “está a ficar desajustado”.
“Lamento muito as declarações que foram feitas, mas esta comissão deveria manter-se pelo silêncio e fazer o seu trabalho, porque foi para isso que foi chamada. Deve abster-se de qualificações ou desqualificações”, afirmou José Maria Costa.
O autarca apelou ainda ao “decoro” sobre a empresa e sobre o processo de reprivatização dos estaleiros.
“Claramente [declarações de Van Zeller] veio criar uma dificuldade que será difícil de sanar no futuro. Mas quem o nomeia é que tem de decidir se tem condições ou não para continuar”, disse ainda o socialista.
Na mesma linha, a comissão de trabalhadores dos ENVC considerou as declarações como “lamentáveis”, afirmando que Van Zeller não tem condições para continuar no cargo.
“O senhor Francisco Van Zeller já tinha idade para ter juízo, porque ele está a falar de pessoas com 55 anos de idade, são pessoas que têm 42 anos, muitos deles, de serviço nos ENVC, que foram para lá com 13 ou com 14, que não tiveram adolescência, pessoas com um ´know-how’ muito grande”, afirmou António Costa.
Por seu turno, o porta-voz da comissão de trabalhadores afirma que “está no momento” de aquele responsável “abandonar o cargo para o qual foi convidado”, porque “não reúne condições suficientes e neutrais para este processo”.
O prazo para a entrega de propostas de compra dos ENVC termina a 25 de outubro e o Governo pretende concluir a alienação de 95 por cento do capital social da empresa até ao final do ano.
Todo este processo será fiscalizado pela comissão, não técnica, liderada por Van Zeller e nomeada pelos ministérios da Defesa Nacional e das Finanças.
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