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Alto Minho: Ele já anda por aí… 50 gramas e é morte certa! – Conheça o Amanita Phalloides

27 Novembro, 2018 - 19:06

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Foi a última refeição do Papa Clemente VII. Estávamos a 25 de setembro de 1534. O Sumo Pontífice ingeriu Amanita Phalloides [foto superior], considerada uma das espécies mais perigosas de […]

Foi a última refeição do Papa Clemente VII. Estávamos a 25 de setembro de 1534. O Sumo Pontífice ingeriu Amanita Phalloides [foto superior], considerada uma das espécies mais perigosas de cogumelos no planeta. E este é apenas um dos casos, possivelmente o mais remoto, que se conhece da incontável lista de vítimas mortais que este cogumelo já provocou. Os números devem-se sobretudo ao Amanita Phalloides ser facilmente confundido com o Volvariella Volvacea, totalmente inofensivo e muito usado na gastronomia.

Por toda a floresta do Alto Minho já se avistam várias espécies. Em Paredes de Coura estão até marcadas para o próximo sábado as Jornadas Micológicas que prometem dar a conhecer aos participantes muita matéria no que diz respeito à identificação e catalogação de cogumelos. E também neste concelho o Amanita Phalloides já foi avistado.  De acordo com os especialistas, bastam 50 gramas desta espécie para provocar a morte a um ser humano adulto. Os sintomas aparecem geralmente 8 a 12 horas após a ingestão, com  náusea, vómitos, diarreia severa, febre, taquicardia, hipoglicemia, hipotensão e desequilíbrio dos electrólitos, com distúrbio ácido-base.

Numa segunda fase, 24 a 48 horas após a ingestão, surgem os sintomas gastrintestinais e deterioração das funções hepática e renal. Três a cinco dias depois, ocorre dano hepatocelular e falha renal, que pode evoluir para falha hepática severa em alguns casos. Surgem problemas de cardiomiopatias e coagulopatias. Nos casos fatais, a morte ocorre em 7 a 10 dias. Normalmente, as vítimas sucumbem por falência hepática.

 

O falso “frade”

 

O jornal Público alertou no passado mês de abril para uma espécie de cogumelo silvestre, a Macrolepiota venenata, responsável pela maioria das intoxicações alimentares que ocorrem no Outono e também na Primavera com a ingestão deste tipo de produto silvestre. José Luís Gravito Henriques, especialista em micologia e autor de diversos artigos e publicações sobre cogumelos, registou vários relatos de casos de intoxicação, “alguns dos quais mortais”, porque as pessoas que apanhavam a espécie tóxica julgavam estar a levar para casa a Macrolepiota procera — conhecida como “frade” — e que é comestível.

O consumo de cogumelos em várias regiões do país restringe-se, muitas vezes, à Macrolepiota procera. Os seus apanhadores baseiam-se no princípio de que “é fácil a sua identificação, em particular pelas características do chapéu e pela existência de um anel”. Contudo, salientou Gravito Henriques ao Público, trata-se de uma atitude “precipitada”. Sabe-se agora que recolhiam uma espécie, a Macrolepiota venenata, que tem várias semelhanças com a que consideravam inócua, e as consequências têm-se revelado por vezes dramáticas pois só recentemente foi identificada e ainda está pouco estudada, para além da informação produzida ser escassa e pouco divulgada.

 

Marcrolepiota venenata, espécie facilmente confundida com a Marcolepiota procera conhecida como ‘frade’

 

As recomendações de quem sabe

 

Perante os casos de envenenamento por ingestão de cogumelos que habitualmente aumentam nesta altura do ano, os especialistas recomendam que os cogumelos devem ser colhidos já depois de terem atingido um certo grau de maturidade, para evitar possíveis confusões com espécies eventualmente venenosas. São também unânimes no conselho de que não se devem apanhar cogumelos selvagens sem haver certeza absoluta da espécie a ser colhida e de que a mesma é própria para alimentação humana.

Quanto ao transporte, aconselham também, os cogumelos devem ser colocados em cestos ou similares para permitir o arejamento e evitar que se estraguem. Devem também ser evitadas quaisquer misturas de espécies. Um só exemplar venenoso pode contaminar todos os outros comestíveis, tanto na simples recolha e transporte, como, em especial, no momento da confecção.

Os especialistas deixam ainda o alerta de que a maior parte dos cogumelos potencialmente mortais revelam os sintomas de uma forma dilatada no tempo, entre 10 a 48 horas após a ingestão, quando todo o veneno (toxinas) já se encontra na circulação sanguínea. Vómitos, diarreia, mal-estar geral, cãibras e suores frios são alguns dos sintomas. Por ironia do destino, aos primeiros sintomas segue-se habitualmente um período de remissão, com sinais de melhoras. “São umas falsas melhoras: é nessa altura que o fígado e os rins se deterioram”, avisam. Como os sintomas só se manifestam horas após a ingestão e não há antídoto conhecido para o veneno dos cogumelos, o tratamento é apenas aos efeitos, não à causa. Nos Estados Unidos foram registados resultados positivos usando uma associação entre penicilina e silibinina, substância não reconhecido pelas autoridades médicas. A ingestão dos cogumelos Amanitas Phalloides tem uma taxa de mortalidade entre os 10 por cento e os 60 por cento. No caso de colapso total do fígado ou dos rins, a única solução é o transplante daqueles órgãos.

 

Paredes de Coura vai ensinar mais sobre cogumelos

 

O Centro de Interpretação Ambiental (CEIA) de Paredes de Coura acolhe no próximo sábado a XI edição das Jornadas Micológicas do Corno de Bico. O programa arranca pelas 8h30 com receção aos participantes. Vai seguir-se um briefing da atividade. Às 9h30 decorrerá a saída para o passeio micológico na Paisagem Protegida do Corno de Bico.

Para as 12h30 está agendado um piquenique partilhado. A tarde arrancará com a continuação do passeio micológico. Para as 16h00 está previsto o regresso ao CEIA, com merenda. Uma hora depois realiza-se a oficina de identificação e catalogação de espécies recolhidas no passeio micológico.

Às 19h00, decorrerá a abertura da exposição temporária dos cogumelos recolhidos. Uma hora depois, no restauranteAbrigo do Taboão, realiza-se a ceia micológica. O encerramento das jornadas está previsto para as 23h00. As inscrições para estas jornadas são obrigatórias e podem ser feitas a partir do portal do Município de Paredes de Coura.

 

[Fotografias: Direitos Reservados]

 

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