“Tenho a impressão que por vezes os Governos precisam de vitaminas para lhes lembrar quem somos”. O presidente da Câmara de Paredes de Coura não poupa críticas aos sucessivos executivos que têm passado por São Bento e que, diz o autarca socialista, têm marginalizado Paredes de Coura.
Recorde-se que o deputado socialista Jorge Fão questionou recentemente o Ministério da Economia sobre as acessibilidades a Paredes de Coura. Em documento enviado ao Governo, Jorge Fão considera que “Paredes de Coura é o Concelho do distrito de Viana do Castelo com piores acessibilidades rodoviárias o que penaliza fortemente as condições de mobilidade de pessoas e mercadorias”.
Ouvido pela Vale do Minho, o edil de Paredes de Coura aplaude a iniciativa do deputado na Assembleia da República. “Como pessoa atenta ao distrito, Jorge Fão sabe que o acesso a Paredes de Coura é uma injustiça. Desde que chegámos à Câmara Municipal já fizemos um estudo prévio de um novo acesso. Atendendo às circunstâncias económicas do país, sabemos que o antigo projecto já não é viável. Foi neste contexto que resolvemos apresentar até à própria CIM Alto Minho uma proposta alternativa para ligar a A3 às nossas zonas industriais”, disse Vítor Pereira. “Chegámos a falar várias vezes com o Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional. Falámos há poucos dias com o Ministro-Adjunto do Desenvolvimento Regional. Miguel Poiares Maduro assegurou-nos que o acesso às zonas industriais pode ser feito num contexto de competitividade territorial”, acrescentou o autarca.
De acordo com os socialistas, a Estradas de Portugal (EP) apresentou o plano de investimentos em novas construções e reparação/manutenção para o período 2015-2019 com um valor estimado de 1.330 milhões de euros. Na área do distrito de Viana do Castelo são referidas 46 intervenções (grande reparação / obras de arte / segurança rodoviária) com um investimento da ordem dos 23,5 milhões de euros aproximadamente. No entanto, para preocupação do PS, a melhoria dos acessos rodoviários a Paredes de Coura a partir das A 3 e A 28, através das ENs 302 e 303 não são objecto de qualquer referencia neste documento.
O autarca de Paredes de Coura garante ter exposto o caso a Poiares Maduro. “Ele disse-me que o caso de Paredes de Coura insere-se num outro âmbito. Alertou que a União Europeia disse já que o país tinha investido muito em estradas e não é possível novo plano rodoviário. Mas podem existir excepções relativamente a ligações a parques industriais que devem ser feitas para tornar a economia desses concelhos mais competitiva”, continuou Vítor Pereira à rádio Vale do Minho.
Mas até agora os resultados são poucos ou nenhuns. O presidente da Câmara atira culpas para os vários
Governos que estiveram no poder nos últimos anos e promete continuar a batalhar pela resolução deste problema. “Mesmo neste contexto de crise, Paredes de Coura continua a criar postos de trabalho. Há novas fábricas que abriram e a melhoria destas acessibilidades é de inteira justiça”, considera o edil. “Claro que os courenses sentem esta injustiça pelo facto do nosso território estar aqui encravado. Não nos interessa propriamente o acesso à vila mas sim aos parques industriais, porque aí é que somos verdadeiramente competitivos”, reiterou Vítor Pereira. “Isso seria fazer justiça ao esforço que vários empresários fazem ao vir todos os dias para Paredes de Coura. Empresários que investem e criam aqui postos de trabalho”, sublinhou. “Do ponto de vista dos vários Governos, Paredes de Coura parece que tem sido um concelho esquecido, perdido no meio da solidão. Não faz sentido que Paredes de Coura tenha sido um concelho marginalizado em algumas áreas. No caso das acessiblidades, Paredes de Coura tem sido votado completamente ao esquecimento. Se fossemos um território que não criasse riqueza, até se compreendia… o que não se percebe é que muitas vezes se façam estradas para ‘o meio de nada’ e para Paredes de Coura é preciso dar vitaminas ou reforços de memória aos Governos”, lamentou Vítor Pereira.
Autarquia quer mais sinalética na A3
O presidente da Câmara de Paredes de Coura promete ainda não desistir de uma maior sinalização do concelho na auto-estrada. O assunto, recorde-se, subiu à Assembleia Municipal do passado mês de Maio. Na altura, Vítor Pereira mostrou-se preocupado com a escassez de sinalética a indicar o melhor percurso aos automobilistas. “Entre Braga e Paredes de Coura existe a meio da auto-estrada [A3] alguma placa a indicar o nosso concelho? Eu sei que não é fácil porque existem regras específicas para as saídas. Mas se Paredes de Coura, Vila Nova de Cerveira e Melgaço fizessem alguma pressão junto do InIR [Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias], pelo menos que entre Braga e Ponte de Lima colocassem alguma placa a dizer que nós existimos”, apontou. “A sinalização é importante e relativamente a Paredes de Coura estamos muito mal servidos. Há pessoas que muitas vezes cometem a imprudência de sair em Ponte de Lima para vir a Paredes de Coura, tudo porque a placa a indicar-nos aparece numa curva. E pouco visível”, lamentou o edil.
O mesmo sucede, continuou o autarca, com automobilistas que partem de Viana do Castelo. “Parece que não existimos, mas existimos! Podemos ser um concelho pequeno mas somos um concelho importante! Acho que devemos fazer pressão, em conjunto com outras Câmaras, para conseguir uma sinalização melhor”, rematou Vítor Pereira.
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