A Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Valença atribuiu a morte de um homem de 82 anos, hoje ocorrida naquela unidade de saúde, à transferência de profissionais resultante do fecho do serviço de Urgência local.
Em declarações à agência Lusa, o líder da Comissão, Carlos Natal, sustentou que o homem deu entrada de manhã no Centro de Saúde, com uma paragem cardiorrespiratória, "não tendo recebido os cuidados médicos adequados por ausência de profissionais especializados e de equipamento adequado, que deixaram de existir com o fecho da Urgência".
Carlos Natal falava durante a concentração de protesto contra o fecho do Serviço de Atendimento Permanente (SAP) hoje ocorrida no Centro de Saúde de Valença e que juntou cerca de 150 pessoas.
Carlos Vidal disse que este caso, o segundo no espaço de alguns dias, "mostra bem que o Governo deve voltar atrás na decisão de encerrar o SAP".
Em comunicado, de hoje, sobre este assunto, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS/Norte) sustentou que a morte do doente, ocorrida depois das 8:00, "não está relacionada com a alteração do seu horário de funcionamento"
O organismo estatal sublinha que, "de acordo com as informações existentes, não foi contactado o INEM, nem pela família, nem pelos bombeiros", sustentando que "estes factos traduzem exatamente o que não deve ser efetuado e consubstancia as razões que levaram o Ministério da Saúde a alterar o horário de funcionamento do Centro de Saúde local".
"Nos casos urgentes deve ser contactado o 112 que, em função da informação que lhes é transmitida, decide o envio do meio mais adequado (neste caso, poderia ter sido enviada uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV) existente em Valença)", sublinha o comunicado.
O texto da ARS Norte acrescenta que a viatura viajaria "com um enfermeiro com elevada experiência nestas situações, existente em Viana do Castelo, e com um médico que, deslocando-se diretamente a casa do doente, poderiam ter prestado os cuidados de saúde mais adequados à sua situação clínica".
"Os Centros de Saúde não possuem condições técnicas, nem recursos humanos com a experiência para atender casos emergentes", salienta.
Para a ARS, "o facto deste tipo de doentes ser transportado para estes locais, em vez de serem logo orientados para a rede de serviços de urgência, implica uma perda de tempo no seu correto atendimento que pode ter consequências irreversíveis".
"Na altura da receção do doente no Centro de Saúde já se encontravam ao serviço vários médicos e enfermeiros que tentaram auxiliar no seu tratamento", assegura o comunicado.
O organismo estatal sublinha, ainda, "que se deve aproveitar este caso para refletir o que seria se ele fosse um dos 1,7 doentes que eram atendidos durante o período das 00:00 às 08:00, em que só se encontravam ao serviço um médico e um enfermeiro".
FONTE: Lusa
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