O Padre Ricardo Esteves, que está à frente de cinco paróquias de Valença, foi atropelado de mota… pelo próprio sacristão. O episódio remonta a 2018 e foi recordado pelo próprio numa entrevista à NiT.
Durante a conversa, o sacerdote revela que a paixão pelas motas começa nos tempos do seminário.
“Quando ia a casa ao fim de semana, via os meus amigos de carro e de mota. Eu não podia ter isso, não tinha dinheiro e os meus pais já me pagavam os estudos, já faziam muito. Não me sentia no direito de o exigir, mas ficava a remoer. Fez-me pensar muitas vezes em desistir. Sempre gostei de motas desde pequenino e quando tive oportunidade, tirei logo a carta, tinha 29 anos”, contou.
Foi então que comprou uma mota semi-nova. Pagou a prestações. Chegou o dia em que terá deixado o sacristão dar uma voltinha e o acidente aconteceu.
“Atropelou-me. Desfez-me a mota toda. Foi um acidente grave, em 2018, fui projetado a vinte metros. Estive mais para lá do que para cá, mas apesar de aparatoso, tive sorte”, reconheceu.
Chegar ao coração dos jovens… pelo desporto
Na entrevista, recorda também os tempos em que passou por Caminha. Uma terra onde, enaltece, muitos jovens praticam desporto. Reparou que muitos jovens iam ao ginásio… e também começou a frequentar esse espaço.
“Eu inscrevi-me para estar com eles, era a única forma de o fazer, porque eles não iam à missa”, explica.
Amante do desporto desde sempre, o Padre Ricardo Esteves encontrou nesta atividade uma forma de chegar mais facilmente ao coração dos jovens.
“Fazia desporto porque sempre gostei, depois comecei a ganhar algum gosto pelo ginásio. Depois, numa das minhas paróquias, a equipa de futebol já não existia há vinte anos. Comecei a combinar com os jovens jogarmos futebol aos sábados de manha, depois almoçavam em minha casa e íamos à missa”, refere.
Rejeita o termo rebelde. “O padre não tem que ficar circunscrito às quatro paredes da igreja. O Papa Francisco dizia que o padre deve ter na roupa o cheiro das suas ovelhas. Tem que haver contacto, proximidade, e isso não se faz dentro da igreja”, defende o mediático sacerdote.
Líder de audiências na TVi
Sim. Escrevemos mediático. No passado domingo, a TVi transmitiu em direto a Eucaristia Dominical a partir de Gandra, uma das paróquias a cargo de Ricardo Esteves. Liderou as audiências nesse horário.
“Já havia muita gente nas minhas redes sociais a perguntar quando é que seria a missa. Não quero ter a presunção de que fui eu que fiz a diferença. Vou partir do princípio que foi tudo por causa da curiosidade das pessoas, porque há muita gente que me conhece mas que não priva comigo. Sim, talvez tenha sido essa curiosidade”, explica.
Música e Tentações
Inevitavelmente, as tentações foram abordadas nesta conversa com a NiT. Para esta matéria, o sacerdote tem sempre resposta pronta.
“As pessoas olham para um padre novinho e mandam o piropo, por ser novo, por ser um desperdício. Mas sim, quando saía à noite, havia mulheres que se aproximavam e não sabiam que eu era padre. Lançavam-me alguns desafios e eu sorria. Explicava que não era uma questão de não ter interesse. Era uma questão de vocação. Não entendiam e eu dizia que era padre. “Padre?!” (risos) Por vezes, alguns colegas meus diziam: «Se acertarem na profissão deste meu colega, pago uma rodada a todos». Uns diziam jogador de futebol, outros engenheiro, tudo e mais alguma coisa, mas ninguém dizia padre”, contou.
Gosta de ouvir Pedro Abrunhosa… mas também gosta muito dos U2. Ouve música popular porque, diz, “de vez em quando sabe bem”.
Com 39 anos de idade, o Padre Ricardo Esteves está à frente de cinco paróquias de Valença desde dezembro de 2019.
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