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Alto Minho

Trabalhadores apelam ao Governo para manter estaleiros de Viana públicos

6 Fevereiro, 2013 - 08:29

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Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) apelaram ontem ao Governo para adotar, como alternativa ao processo de reprivatização que conta apenas com um interessado, a manutenção da empresa na esfera pública.

Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) apelaram ontem ao Governo para adotar, como alternativa ao processo de reprivatização que conta apenas com um interessado, a manutenção da empresa na esfera pública.

“A desistência do grupo brasileiro [Rio Nave] é apenas um episódio num processo que já não começou bem. Defendemos uma solução que viabilize os estaleiros, por exemplo, como em modelos já aplicados com sucesso noutras empresas em que o Estado manteve a sua participação e abrindo parte ao capital privado”, afirmou à Lusa o coordenador da comissão de trabalhadores dos ENVC, António Costa.

O grupo russo RSI Trading é agora o único na corrida à venda dos estaleiros, depois de os brasileiros da Rio Nave terem desistido do negócio, conforme avançou hoje à Lusa fonte governamental.

Ainda assim, e face à situação atual da empresa, António Costa reconheceu a necessidade de uma reestruturação interna, mas mantendo a empresa na esfera pública.

“É apenas mais um atropelo. O que nós necessitávamos era de uma reestruturação, bem feita e que permitisse tornar a empresa mais eficaz nos seus procedimentos e não, como estamos agora, parados mesmo tendo trabalho a fazer para a Venezuela”, afirmou ainda António Costa, referindo-se à encomenda de dois navios asfalteiros, por 128 milhões de euros, que ainda não avançou.

Em alternativa à reprivatização, os trabalhadores reclamam a constituição de uma “parceria estratégica” com grupos internacionais ou a alienação de apenas parte do capital social da empresa, contrariamente aos 95% previstos pelo Governo.

“Se não for possível, a nível financeiro, manter a empresa totalmente pública, que sigam os bons exemplos nacionais em que o Estado ficou com parte do capital e em que as empresas se tornaram competitivas”, disse ainda António Costa.

Segundo fonte governamental, o grupo brasileiro Rio Nave, um dos dois selecionados para a última fase da reprivatização dos ENVC, já comunicou a intenção de “não manter” a proposta pela empresa pública portuguesa, perante a “indefinição” de Bruxelas em autorizar a conclusão do negócio.

A venda da empresa está suspensa desde dezembro devido a pedidos de esclarecimento apresentados pela Comissão Europeia ao Governo português, por dúvidas na atribuição de apoios estatais aos ENVC de 180 milhões de euros.

A propósito deste processo de investigação lançado por Bruxelas, elementos dos ministérios das Finanças e da Defesa reuniram-se hoje na Comissão Europeia para tentar convencer as autoridades comunitárias da necessidade de “concluir rapidamente” a venda da empresa e “salvaguardar os postos de trabalho”.

Apesar deste impasse, o grupo russo RSI Trading já confirmou o prolongamento por mais um mês da validade da proposta, que entretanto expiraria, o mesmo não acontecendo, assim, com os brasileiros da Rio Nave.

“Estamos na corrida e vamos continuar. Mas esta incerteza não é nada positiva e vemos com preocupação a degradação das condições da empresa e da força anímica dos trabalhadores”, explicou à Lusa Frederico Casal-Ribeiro, representante em Portugal dos interesses dos russos RSI Trading.