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Vale do Minho

Sub-região cria grupo de trabalho para travar nova ameaça contra Alvarinho. Prosseguem debates e seminários

7 Janeiro, 2014 - 10:26

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Os municípios de Monção e de Melgaço, em parceria com Associação de Produtores de Alvarinho, vão criar um grupo de trabalho para delinear a melhor estratégia para combater a alegada intenção de alargamento da denominação exclusiva do Alvarinho a toda a região dos Vinhos Verdes.

Os municípios de Monção e de Melgaço, em parceria com Associação de Produtores de Alvarinho, vão criar um grupo de trabalho para delinear a melhor estratégia para combater a alegada intenção de alargamento da denominação exclusiva do Alvarinho a toda a região dos Vinhos Verdes.

Esta posição foi tomada após um debate que decorreu, segunda-feira, em Melgaço, com a presença de autarcas, ex-autarcas, produtores, técnicos e enólogos.

Augusto Domingues, governante monçanense, frisou a necessidade de uma união “ainda mais forte”, que será demonstrada nos próximos 15 dias com encontros específicos entre as diversas entidades envolvidas, mas também através da realização de um seminário mais alargado, previsto para o final de fevereiro, em Monção, com a participação de ‘experts’ da Comissão Europeia.

O presidente da Câmara de Melgaço destacou que os municípios devem ser parceiros na resolução deste problema, “uma guerra que a sub-região não comprou, mas com a qual foi confrontada e tem de resolver”.

Manoel Batista lembrou o trabalho até aqui realizado, alertando que ainda há um longo caminho a percorrer.

Emparcelamento, marca e ‘terroir’. Estes foram alguns dos conceitos lançados pelos oradores deste debate, realizado nas instalações da Escola Superior de Desporto e Lazer, em Melgaço.

Desempenhando o papel de moderador, o ex-presidente do executivo monçanense, José Emílio Moreira, pediu para os produtores e entidades “acordarem que ainda há tempo”.

José Emílio Moreira disse que se enfrenta “uma pobreza e fraqueza da sub-região de Monção e Melgaço”, provocada pelo risco dos produtores não conseguirem vender os seus produtos, por um lado pela prática de minifúndios e “aversão” ao emparcelamento, e por outro pelo preço da uva alvarinha que assiste a uma tendência de constante diminuição. Só em 25 anos, o valor das uvas “deve ter desvalorizado 50%”, assegurou.

Jorge Pinto, enólogo, apresentou números e deixou uma reflexão: “onde está o Alvarinho e onde quer estar dentro e 10 anos”.

Ressalvando que o Alvarinho desta sub-região é considerado “a melhor casta mundial para a produção de vinhos brancos”, o orador chamou a atenção para a “confusão” do Alvarinho como marca e não como casta, “um perigo que tem vindo a crescer”.

Jorge Pinto não tem dúvidas que esta sub-região de Monção e Melgaço carece de notoriedade, pois “ao contrário do que acontece na França, aqui vende-se o país através do vinho”.

Outra das convidadas presentes, a diretora da escola Superior Agrária de Ponte de Lima, do IPVC, disse que a estratégia a seguir é a do ‘terroir’.

Ana Paula Vale começou por falar na importância de se vender a região e não só a casta, confirmando que o politécnico vianense está disponível para encetar estudos que evidenciem as caraterísticas desta sub-região.
A docente assinalou o papel político, económico e até social do vinho Alvarinho nestes dois concelhos, mas alertou para a falta de estudos técnico-científicos que ajudem as entidades a provar que esta sub-região tem elementos diferenciadores.

Presente ainda nesta iniciativa, “por vontade própria”, o deputado socialista eleito pelo Alto Minho, Jorge Fão, prometeu intervenção política nesta matéria, contra aquilo que classificou de “ameaças sobre a especificidade e exclusividade desta sub-região”.

Salientou o papel fundamental de um associativismo mais reforçado, bem como o arranque do ‘terroir’ e de suporte técnico-científico “daquilo que estes dois municípios consideram legitimo”.

Entre inúmeros dados deste primeiro debate sobre o Alvarinho e o seu futuro, existem 150 marcas, distribuídas por cerca de 60 produtores.

A divulgação e promoção desta sub-região também foram destacadas, através do seguinte número: dos 3 milhões de euros que a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes aposta, os produtores de Alvarinho destes dois concelhos apenas contribuem com 15 mil euros.