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Vale do Minho

Rio Minho: Pesqueiras dão ‘passo de gigante’ em direção à elevação a património imaterial

26 Agosto, 2020 - 13:40

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PUB O Governo mostrou-se esta quarta-feira completamente rendido às pesqueiras milenares existentes no rio Minho. Em Melgaço, no Salão Nobre da Câmara Municipal, a Secretária de Estado Adjunta e do […]

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O Governo mostrou-se esta quarta-feira completamente rendido às pesqueiras milenares existentes no rio Minho. Em Melgaço, no Salão Nobre da Câmara Municipal, a Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural reconheceu a importância destas construções milenares na história cultural do país.

“O património cultural, em todas as suas dimensões, é uma ponte que nos liga permanentemente ao que fomos e ao que somos. Recorda-nos que as maravilhas tecnológicas do presente não teriam sido possíveis sem um saber de experiência feito”, referiu Ângela Ferreira.

“Um país que não preserva, que não divulga e que não promove o seu património cultural é um país sem futuro”, sublinhou a governante que falava durante a sessão de apresentação da candidatura das pesqueiras do rio Minho ao registo nacional de património imaterial, classificação que também ocorrerá na Galiza para preservar um saber comum aos dois territórios.

São pesqueiras, realçou Ângela Ferreira, “com um valor inestimável e tão ou mais antigas que Portugal”.

“As pesqueiras do rio Minho não se deixam limitar por datas nem se esgotam no espaço visível destas construções. Têm o valor das mãos que as ergueram e o saber de todos aqueles que nelas trabalharam e que ainda hoje têm”.

Promovida pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, a candidatura portuguesa – intitulada A Pesca nas Pesqueiras do Rio Minho –  foi submetida em fevereiro. Do lado espanhol, existe a intenção, mas o processo ainda não avançou.

“Cada um dos países avança com a candidatura ao registo nacional. Do lado português a candidatura é coordenada pela Direção-Geral do Património Cultural e, do lado espanhol, pela sua congénere. São processos autónomos que visam preservar um saber partilhado pelos dois povos vizinhos”, explicou Ângela Ferreira.

 

 

Batista sonha com “uma ainda maior consagração”

 

 

No seu discurso, o presidente da Câmara de Melgaço acredita “num enorme sucesso” desta candidatura. Mesmo sem verbalizar, o autarca melgacense deixou evidente o sonho de ver as pesqueiras elevadas a Património da Humanidade.

“Espero que possa ser o ponto de partida para uma ainda maior consagração”, referiu Manoel Batista.

“O património incomoda-nos no bom sentido. Mexe connosco. Desafia-nos. Exige de nós ação para que seja colocado vivo e ativo no terreno”, frisou ainda o presidente da Câmara.

 

 

Património material, imaterial, natural e cultural

 

 

Fronteira natural entre os dois países, o rio internacional concentra, nas duas margens, só no troço de 37 quilómetros, entre Monção, e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras. 

Conforme explicou Álvaro Campelo, professor e um dos responsáveis pela elaboração da candidatura, algumas delas remontam ao século VIII, em pleno final do império romano. Serviam e continuam a servir para a apanha da lampreia, do sável, da truta e do salmão. 

“Estamos a classificar práticas que ainda hoje existem. No rio Douro, por exemplo, já existiram mas hoje já não. Daí que é uma candidatura também a património imaterial. Um património que é partilhado por dois países e vivido conjuntamente, o que é raro. É dos poucos patrimónios onde se conjugam as vertentes material, imaterial e natural”, realçou Álvaro Campelo.

Mas há também a vertente cultural. “Todo aquele saber e o conhecimento prático dos pescadores que transformaram esta paisagem numa paisagem cultural”, apontou ainda o docente sobre estes “habilidosos sistemas de muros construídos a partir das margens, que se assumem como barreiras à passagem do peixe, que se via assim obrigado a fugir pelas pequenas aberturas através das quais, coagido pela força da corrente das águas, acabando por ser apanhado em engenhosas armadilhas”.

Segundo o investigador, das 900 pesqueiras existentes no rio Minho, em Portugal estão ativas 160 e, do lado espanhol, cerca de 90.

Em Portugal, a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, que agrega os dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, suportará cerca de 50 mil euros, e a província de Pontevedra, em Espanha, 45 mil euros.

 

[Fotografia: DR]

 

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