Os bombeiros assalariados da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Monção (AHBVM) receberam apenas metade do salário relativo ao mês de setembro. Aos microfones da Rádio Vale do Minho, o Presidente da Direção da AHBVM confirmou que aquela associação está a atravessar um período de dificuldades financeiras.
“Sim, efetivamente a AHBVM tem dificuldades tal como muito outras no nosso país. Estas dificuldades podem, sem margem para dúvida, inviabilizar a nossa atividade e prendem-se essencialmente com o aumento exponencial dos custos relacionados com os combustíveis; o aumento significativo do oxigénio; o baixo preço que o Serviço Nacional de Saúde paga por quilómetro nos transportes de doentes não urgentes; o atraso significativo no pagamento pelas entidades hospitalares as Corporações de bombeiros; o também ao protocolo ruinoso celebrado entre a Liga dos Bombeiros Portugueses ( anterior executivo) e INEM que de forma alguma consegue suportar o custo de 1 ambulância de socorro com dois tripulantes, 24/)h/dia, 7 dias por semana”, disse Gonçalo Oliveira.
O responsável recordou que “em Portugal, o socorro, na emergência pré-hospitalar é assegurado na sua maioria por Bombeiros a preços low cost sem que os custos mínimos estejam assegurados”.
“Desafiamos o INEM a criar equipas de intervenção na emergência pré-hospitalar suportadas na sua totalidade por este organismo ou até em coresponsabilidade com os municipios, tal como acontece com as Equipas de Intervenção Permanente entre Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil e Municipios. Gerir nestes moldes é insustentável. Se não existisse um forte apoio do executivo municipal já tínhamos parado”.
Toda esta apreensão, apurou a Rádio Vale do Minho, terá começado num grupo privado da aplicação Whatsapp que reúne os membros daquela corporação de bombeiros onde a direção deixou o alerta.
“Devido a constrangimentos financeiros o processamento, dos salários dos trabalhadores, no ultimo dia util do mês, podem estar comprometidos. Tudo estamos a fazer para que esta situação seja ultrapassada como habitualmente”.
“Socorro não está em risco”
À Rádio Vale do Minho, o Presidente da Direção da AHBVM assegurou categoricamente que “o socorro não está em risco e esta é uma situação pontual”. Desmentiu também a saída de colaboradores por salários em atraso.
“Houve um colaborador que, previamente apresentou à Direção motivos para que atendessemos o seu pedido, pois, obteve uma proposta de trabalho, no estrangeiro, que esta direção não poderia acompanhar de forma alguma”, referiu.
“Existe sim um incumprimento parcial de salários que, pelos motivos anteriormente expostos criaram dificuldades de tesouraria para o cumprimento”, acrescentou Gonçalo Oliveira.
Bombeiros defendem direção
Nas redes sociais, já há bombeiros a defender a atual Direção da AHBVM. Num comentário a uma publicação nas redes sociais, leu a Rádio Vale do Minho, uma bombeira certifica que “todos recebemos só metade do ordenado mais o subsídio de alimentação pago em cartão refeição para as compras (…), inclusive o Comandante”.
“Aqui não há filhos, nem enteados ao contrário do que alguém quer fazer parecer. Nunca tivemos uma Direção tão justa connosco a nível de ordenados. Nunca tive um ordenado tão bom desde que trabalho nos bombeiros, por isso somos justamente recompensados. Só quem não sabe aproveitar oportunidades é que vai caluniar a AHBV Monção para a Comunicação Social. Este atraso era expectável, se as entidades a quem prestamos serviços não nos pagam ou pagam mal é de esperar que o dinheiro não chegue. Tudo aumentou”, acrescenta.
“Quem trabalha merece o seu salário”
Acreditando que “a situação vai ficar regularizada a qualquer momento”, Gonçalo Oliveira sublinhou que “esta situação estava prevista e os colaboradores foram alertados no dia 14 de setembro em reunião geral para o efeito, bem como, através de comunicações internas a todos colaboradores, reuniões especificas aos responsáveis das equipas e delegado sindical, nos dias anteriores e no próprio dia de processamento do salário”.
No entanto, o Presidente da Direção é pragmático no que defende. “Quem trabalha merece o seu salário. Os colaboradores, os fornecedores, os voluntários, os associados, o município e a população a quem prestamos serviços são os pilares de sustentação desta associação e a quem não podemos falhar”, frisou.
“Desde a tomada de posse deste órgão executivo as condições laborais dos colaboradores foi uma prioridade. Aumentamos os ordenados significativamente, atribuímos subsídios de risco, subsídios de fardamento, isenção de horário de trabalho, subsídio de alimentação de 6 euros/dia em vez dos 4.77 euros de lei, atribuímos mais três dias férias, para além do dia de aniversário e tolerância natalícia, apostamos na melhoria das qualificações académicas, disponibilizamos um psicólogo gratuitamente para apoio permanente, estamos a desenvolver um programa de ATL para os filhos dos colaboradores até aos 12 anos”, rematou Gonçalo Oliveira.
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