O presidente da Câmara de Monção, António Barbosa (PSD), acusa a anterior vice-presidente da autarquia de “falta de ética política”. Na origem das acusações, está o facto de Conceição Soares (PS) ter decidido impugnar um dos concursos para Chefe de Divisão realizados recentemente. “Nesses concursos, um dos júris é sempre um vereador. Deixamos muito claro, desde o início, que seria a vereadora Natália Rocha (PSD). Esta senhora, que foi vice-presidente da Câmara, concorreu a três. Impugnou um dos concursos e só impugnou um porque ficava caro para o sindicato. Não irá dar em nada, mas fica sempre bem”. O presidente da Câmara puxou então o gatilho e disparou. “Isto diz muito de quem estamos a falar! Esta senhora, que foi vice-presidente da Câmara de Monção e que foi presidente de vários júris de concurso da Câmara, teve a distinta lata de impugnar um concurso dizendo que a presidente do júri [Natália Rocha] é ilegal porque é vereadora”, atirou o edil social-democrata. “Isto é aquilo que em política não queremos: falta de ética! Isto chama-se falta de ética!”, exclamou Barbosa perante um salão da Junta de Freguesia de Ceivães totalmente cheio.
Imparável no fogo cerrado, e numa sessão onde anunciou a renúncia definitiva de Conceição Soares ao mandato de vereadora com consequente tomada de posse de Nídia Além, o presidente da Câmara acabou por congratular-se. “Fiquei contente! Uma senhora dessas não tem ética para estar sentada neste órgão”, considerou. “Alguém que se esquece das responsabilidades políticas que teve durante quatro anos e que no dia a seguir faz exatamente tudo ao contrário daquilo que apregoou enquanto presidente de júri, só tem um nome: falta de ética política!”, finalizou.
Augusto Domingues: “Não estão a aproveitar-se recursos humanos devidamente formados”
O assunto foi despoletado pelo vereador socialista Augusto Domingues, que se mostrou bastante desagradado com a “estratégia dos recursos humanos” da maioria social-democrata. “Não estão a aproveitar-se recursos humanos devidamente formados. Se houve coisa que fizemos bem, foi dar formação aos nossos técnicos. Tenho a sensação que eles estão a ser encostados e a ser substituídos por outros com menos experiência”, disse o vereador, dando Conceição Soares como um dos exemplos. “O único crime que alguns deles cometeram foi serem próximos de nós (PS). Mas eu acho que nem todos eles votaram em nós”, prosseguiu. “Meter um indivíduo num empresa para não fazer nada é uma tortura chinesa! Sei que há técnicos que não estão a ser aproveitados”.
Na resposta, António Barbosa foi pragmático. “Não conheço ninguém que esteja na Câmara sem fazer nada. Tenho uma ideia completamente contrária! Quando precisamos de gente para resolver um problema aqui ou ali não temos ninguém porque andam todos sobrecarregados com trabalho”, garantiu. “É sempre bom termos hoje descoberto que temos alguém sem fazer nada para resolver-nos alguns desses problemas. Iremos pedir essa informação em privado ao Engº Augusto”, prosseguiu Barbosa em tom irónico. E finalizou a esclarecer, uma vez mais, as coordenadas de Conceição Soares na Câmara Municipal de Monção. “A Drª Conceição Soares tem de perceber que já não é vereadora na Câmara. Não manda na Câmara absolutamente em nada! Tem de fazer aquilo que a mandam fazer. É para isso que é paga. A única coisa que mudou é que neste momento não dá ordens. É um trabalhador como outro qualquer e que está lá para colaborar com o presidente da Câmara e vereadores”, concluiu.
Contactada pela Rádio Vale do Minho, Conceição Soares escusou-se a fazer quaisquer comentários sobre o assunto.
[Fotografia: Fotomontagem – esquerda: Rádio Vale do Minho; direita: Correio do Minho / Direitos Reservados]
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