O primeiro-ministro vai estar em Melgaço no próximo sábado. De acordo com informação avançada pelo Município esta quinta-feira, António Costa vai inaugurar a Unidade de Cuidados Continuados do concelho. A cerimónia, agendada para as 10h30, contará ainda com a presença do Ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
A inauguração acontece quase um ano depois de António Costa ter realizado uma visita a Melgaço onde se inteirou da Unidade de Cuidados Continuados (UCC) que tem permanecido encerrada. O atual primeiro-ministro considerou na altura que aquele espaço é “um péssimo exemplo do abandono a que este Governo [coligação PSD/CDS-PP] votou o setor da saúde”. António Costa, que mais uma vez visitava o Alto Minho em pré-campanha eleitoral, disse então que “é absolutamente inaceitável que um equipamento destes esteja pronto e graças ao desinvestimento que o Governo fez no Serviço Nacional de Saúde ele continue a estar fechado e a não poder ser aproveitado pela população”.
Mas o líder socialista não ficou por aqui relativamente às preocupações dos melgacenses. Levou-as para Lisboa e voltou a abordar a matéria, dias depois, no frente-a-frente televisivo com Pedro Passos Coelho. “De facto, os senhores [coligação de Governo] têm criado muitos postos de trabalho para enfermeiros. Mas sabe onde? No Reino Unido. Ainda este fim-de-semana fui visitar uma Unidade de Cuidados Continuados que está concluída há três anos!”, exclamou António Costa. “Está paredes meias com um Centro de Saúde. Onde já se podiam utilizar os recursos humanos que servem esse Centro de Saúde. A obra está concluída, está equipada e está fechada”, lamentou. O candidato pela coligação ‘Portugal à Frente’ (PSD/CDS-PP) não deu qualquer resposta a António Costa sobre esta questão.
Picardias entre PS e PSD
Entretanto, pelo meio, o presidente da Câmara de Melgaço acusou o PSD de estar tirar “aproveitamento político” acerca do anunciado futuro da Unidade de Cuidados Continuados (UCC) do concelho. O PSD lamentou há alguns meses que a exploração vá ser feita a partir de Barcelos. Os sociais-democratas consideram mesmo que “o Presidente da Câmara não esteve ao lado das instituições de Melgaço, não defendeu Melgaço e os melgacenses”.
Confrontado pela Rádio Vale do Minho com estas declarações, Manoel Batista lamentou “a postura esquizofrénica que o PSD tem tomado neste caso. Ao longo de dois anos e meio, tanto o PSD de Melgaço como a distrital do PSD não disseram rigorosamente nada em relação a isso e agora, de repente, lembraram-se que a UCC é importante e que o Sr. Presidente da Câmara não está a defender os interesses do Município. Ora, eu devolvo-lhe com a mesma pergunta: Os senhores que hoje dizem que o Sr. Presidente da Câmara não defendem os interesses do Município fizeram alguma coisa pelos interesses de Melgaço? E a resposta é clara: Não. Não fizeram rigorosamente nada”.
Sobre a gestão da UCC a partir de Barcelos, o autarca socialista transmitiu à Rádio Vale do Minho a mensagem que recebeu. “Foi-me dada a garantia de que terão todo o cuidado em privilegiar pessoas de Melgaço no recrutamento”, disse. No entanto, Manoel Batista continuou de baterias apontadas ao líder do PSD. “É engraçado que o Provedor da Santa Casa da Misericórdia, também deputado municipal, faça esse tipo de análises”, considerou. “Ele foi, como todas as outras Misericórdias, estranhamente convidado a criar uma RLIS (Rede Local de Intervenção Social). Eu gostaria de saber quem são as pessoas que lá estão e se porventura todas são de Melgaço”, atirou.
De discurso confiante, o edil melgacense acredita que o concelho terá uma UCC “bem gerida. Seria preferível que fosse uma entidade de Melgaço a fazê-lo, mas não é por opção da tutela”, explicou. “Mesmo assim, estou convencido de que será bem gerida. De forma profissional e com gente de Melgaço a trabalhar lá”, reiterou.
A UCC de Melgaço, cuja criação foi protocolada a 8 de Agosto de 2008 entre a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) e a Câmara Municipal de Melgaço, no âmbito da requalificação dos serviços do Centro de Saúde local, encontra-se concluída desde Setembro de 2012 mas tem permanecido inutilizada.
De acordo com dados da autarquia, foi investido pelo Ministério da Saúde 1,5 milhões e meio de euros naquela unidade.
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