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Melgaço

Melgaço num pesadelo financeiro. Presidente da Câmara revela números e deixa avisos

16 Dezembro, 2025 - 01:18

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Município vai ‘apertar o cinto’.

“Quando apresentamos a candidatura à Câmara Municipal, sabíamos que as contas não estavam muito famosas. Mas chegámos aqui e deparámo-nos com uma situação financeira pior do que aquela que esperávamos”. 

 

As palavras, em tom profundamente triste, foram reveladas à Rádio Vale do Minho pelo Presidente da Câmara de Melgaço, José Albano Domingues, que fez o ponto de situação financeira do Município.

 

O autarca não esconde: o cenário é mau. São cinco milhões de dívidas a fornecedores e um passivo que ultrapassa os 26 milhões de euros.

 

“Não é à toa que, em julho de 2025, a Câmara de Melgaço era a segunda do país com o prazo médio de pagamentos mais longo”, recordou José Albano à Rádio Vale do Minho.

 

“Temos compromissos assumidos que transitam de 2025 para 2026 na ordem dos 20 milhões de euros. Isto condiciona completamente a nossa ação e o nosso exercício orçamental”, lamentou.

 

 

Passivo do Município de Melgaço já supera 26 milhões de euros, revelou Presidente da Câmara

[crédito fotografia: arquivo/Município Melgaço]

 

 

 

Melgaço vai ter de apertar o cinto. “Não há outra volta a dar”

Para sair desta situação, o Presidente da Câmara só vê um caminho: poupar. E isso implica também alguns cortes em verbas atribuídas.

 

“Já tivemos de fazer cortes a vários níveis, incluindo o associativo e outros tendo em conta as aspirações das nossas Juntas de Freguesia. Mas não há volta a dar!”, exclamou o Presidente em tom pragmático.

 

Ato contínuo, colocou em cima da mesa duas opções.

 

“Ou queremos ser conhecidos por uma Câmara com contas que não estão em dia, ou então tomamos decisões. É isso que estamos a fazer”, explicou.

 

“Queremos tornar as contas mais claras! Queremos ser uma Câmara de boas contas e nunca vamos conseguir isso se continuarmos a empurrar o problema para a frente com a barriga, que era aquilo que estava a ser feito nos últimos anos”, considera o Presidente da Câmara.

 

 

“Nunca vamos conseguir se continuarmos a empurrar o problema para a frente com a barriga”

[crédito fotografia: arquivo/Município Melgaço]

 

 

 

Mas o que esperar de 2026?

Na certeza de que haverá apertos no Município, o Presidente da Câmara assegura que no próximo ano não faltará à população “nenhum dos serviços essenciais”.

 

Serviços esses que, segundo o autarca, são referentes à água, resíduos sólidos, saúde, ação social. “Obviamente que vamos cortar naquilo que não é prioritário”, garante.

 

 

“A população compreenderá”

Preocupado, mas otimista, José Albano Domingues acredita que Melgaço vai conseguir sair do patamar em que se encontra. 

 

Lamenta sobretudo os sacrifícios a fazer. No entanto, crê também que “a população está consciente, solidária, e compreenderá que temos de melhorar a situação financeira da Câmara e impedir que o problema se prolongue”.

 

“Nenhum Presidente de Câmara tem prazer em fazer cortes, sejam eles de que ordem for. Mas a realidade é que não podemos viver acima das nossas possibilidades. Tão simples quanto isto”, sintetizou.

 

 

Presidente da Câmara acredita que população vai compreender cortes nas verbas

[crédito fotografia: arquivo/Município Melgaço]

 

 

Questionado sobre quanto vai durar este aperto, José Albano Domingues deixou de imediato o aviso de que “não é um trabalho para meses”.

 

“É para dois ou três anos. Mas não vamos abdicar de o fazer. Entendemos que este é o caminho certo e nada de essencial faltará aos nossos munícipes”, reiterou.

 

O orçamento da Câmara de Melgaço para 2025 ronda 37 milhões de euros.

 

 

 

[crédito fotografia: arquivo/António Lima]