Era considerado um dos hotéis mais luxuosos do início do século passado. Tornou-se numa ruina e ergueu-se numa ressurreição incrível.
O Grande Hotel do Pezo, em Melgaço, vai abrir portas no próximo dia 1 de outubro.
Há 100 anos, os preços elevados tornavam-no acessível apenas a algumas carteiras.
O Grande Hotel do Pezo [com z na ortografia da altura], em Melgaço, era assim um lugar somente reservado à classe mais alta e à fina-flor portuguesa no princípio do século passado.
Ficaram testemunhos escritos das luxuosas divisões.
“Água corrente em todos os quartos e magníficos apartements com quarto de banho e WC privativas. É o que oferece as melhores condições de higiene. Suntuoso parque, primoroso serviço de mesa; dieta sem aumento de preços nas diárias”, descreve um cartão publicitário emitido nos primeiros anos de vida deste hotel, divulgado pelo professor Valter Alves no blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra.
No entanto, através de fotografias tiradas na época, é possível saber-se mais sobre o luxo deste hotel que ia muito além dos quartos.
Começou a ser construído em 1901. Em 1902 já era uma referência em todo o país e além-fronteiras.
Era dos poucos que dispunha de uma Estação Telegráfica Postal. Os clientes não precisavam de ausentar-se do hotel para enviar correspondência para onde quer que fosse.
Serviço de telégrafo já era anunciado às portas do Hotel em 1903 – Postais eram ilustrados com fotos do edifício
Fonte: Blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra
Mostram também outras fotografias desses primeiros anos que a unidade hoteleira apresentava um espaço próprio e arejado para reserva e conservação de alimentos.
Era a “despensa”, conforme aparecia escrito na fachada do edifício. Ao lado estava o “escriptorio”, que seria reservado apenas à administração do hotel.
Havia venda de tabaco. E até serviço de barbearia, bem visíveis na fachada principal.
Mas, para ajudar aos momentos de lazer, existia também uma sala destinada aos apaixonados pelo bilhar.
Não é tudo. Conforme documenta uma outra fotografia tirada em 1903, existia também uma Salla de Jantar e até uma Salla de Vezitas onde a élite receberia convidados como se na sua casa estivesse.
Várias regalias dadas aos clientes visíveis nas paredes do edifício em 1903/1904
Fonte: Blog Melgaço, Entre o Minho e a Serra
Durante a primeira metade do século passado, o Grande Hotel do Pezo foi uma enorme referência em todo o país e até mesmo na Europa.
A época dourada das termas trouxe até Melgaço ilustres figuras que ficaram alojadas nesta unidade.
O primeiro cliente, ainda de acordo com Valter Alves, foi o conselheiro Manuel Francisco Vargas, ministro das Obras Públicas.
O grande rival era o Hotel Ranhada, na mesma rua. Foram anos a fio de concorrência e a ver quem dava os melhores bailes de caridade.
A chegada da luz elétrica intensificou ainda mais o braço de ferro.
No entanto, os preços excessivamente elevados e o aparecimento de novos processos terapêuticos ditaram a queda dos tempos áureos do termalismo.
Com a falta de clientes, os grandes hotéis daquele tempo viram-se obrigados a fechar e o Grande Hotel do Peso não foi exceção.
Nunca mais abriu. O edifício ali ficou ao longo dos anos exposto à degradação.
Ele está de volta
O Grande Hotel do Pezo vai abrir portas no próximo dia 1 de outubro, quarta-feira. O anúncio foi feito pela Oca Hotels, rede hoteleira galega que irá gerir a unidade.
“O Oca Grande Hotel do Pezo abrirá as suas portas no dia 1 de outubro, com reservas já disponíveis no nosso site“, anunciou a empresa.
“Este novo hotel de 4 estrelas, levantado do zero mas respeitando a sua fachada do início do século XX, combina história, design contemporâneo e uma localização privilegiada junto às Termas de Melgaço e ao Parque do Pezo”, lê-se em comunicado divulgado.
“Desfrute de quartos espaçosos, piscinas interior e exterior, academia, salas de reuniões e convenções, salões de banquetes e um jardim perfeito para eventos especiais. Tudo projetado para garantir conforto, relaxamento e experiências memoráveis”, acrescenta.
A Oca Hotels apresenta ainda algumas imagens a partir do interior do interior do edifício.
[crédito fotografia: Oca Hotels]
[crédito fotografia: Oca Hotels]
[crédito fotografia: Oca Hotels]
[crédito fotografia: Oca Hotels]
[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]
[crédito fotografia: Rádio Vale do Minho]
O projecto de arquitectura é da responsabilidade do arquitecto Luis Alves com a colaboração da sociedade 1488 – Construção Sustentável e os projectos de engenharias da responsabilidade da empresa SPRENPLAN, sendo a coordenação de obra da empresa QUEIRAS & XEDAS, Lda.
O investimento rondou os 7 milhões de euros.
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