A situação arrastava-se há sete anos. Rodrigo, hoje em plena adolescência, decidiu colocar um ponto final aos sucessivos episódios de bullying que diz ter sido vítima no Agrupamento de Escolas de Melgaço.
À CNN Portugal, o jovem descreveu uma das situações mais recentes. “Uma vez estava à porta da cantina e, não me lembro porque razão, fui atirado ao chão e pontapeado”, contou.
Uma agressão sem motivo e que não terá sido perpetrada apenas por uma pessoa. “Um grupo de 15 a 20 rapazes vieram atrás de mim e de um amigo. Mas eles só estavam atrás de mim. Tive de fugir e correr para a biblioteca”, prosseguiu.
Ao ter conhecimento desta situação, os pais foram à escola mas “ninguém viu”. Nem funcionários, nem a diretora de turma.
Perante este cenário, a mãe do jovem apelou à escola que tomasse alguma medida. A resposta que recebeu foi inesperada. “A diretora da escola dirigiu-se à GNR e formalizou uma denúncia contra mim por ameaça”, contou a progenitora àquele canal televisivo.
O processo acabou por ser arquivado. “Não havia qualquer ameaça mas um simples desabafo”, conta a CNN Portugal.
“Foi agredido vezes sem conta. Sete anos de sofrimento”, ouve-se na reportagem.
Questionada sobre a razão de nunca ter tirado o filho daquela escola, a mãe de Rodrigo diz ter “sempre” acreditado que “o mal não estava nele”. “Não era ele que tinha que mudar, mas sim os outros”.
A Inspeção-Geral de Educação e Ciência (IGEC) deu “total atenção” ao caso.
O despacho da IGEC a que a CNN Portugal teve acesso refere que a Diretora do Agrupamento de Escolas de Melgaço, Paula Cerqueira, “cometeu infação disciplinar, por omissão, com grave negligência ou desinteresse pelo cumprimento dos seus deveres funcionais, ao não ter cumprido as suas obrigações”.
Foram instaurados dois processos disciplinares. Um para a diretora de turma do jovem e outro para a Diretora do Agrupamento de Escolas que, segundo a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) citada pela CNN Portugal, é alvo de “suspensão graduada em 80 dias, suspensa na sua execução pelo período de dois anos. E ainda, a sanção disciplinar acessória de cessação da comissão de serviço, igualmente suspensa pelo período de dois anos”.
Instada a comentar, a mãe de Rodrigo considera que “esta condenação vem validar tudo aquilo de que o meu filho se queixou ao longo de tanto tempo”.
A CNN Portugal tentou entrar em contacto com a Diretora do Agrupamento de Escolas, mas sem qualquer êxito.
“Foi aqui que tudo aconteceu. No entanto, continua a ser a minha escola. Porque eu nunca desisti”, diz Rodrigo às portas do estabelecimento de ensino, no final da reportagem.
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