A campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 26 de setembro do ano passado estava ao rubro.
Em Caminha e em Vila Nova de Cerveira temia-se uma possível prospeção seguida de exploração de lítio na Serra d’ Arga.
Os candidatos socialistas à Câmara Municipal eram os alvos favoritos das restantes forças políticas, sobretudo à direita, com base num Governo que – tudo indicava – estaria prestes a dar luz verde à perfuração de um dos pulmões do Alto Minho.
Num frente a frente com a Rádio Vale do Minho, o então recandidato pelo PS, Miguel Alves, mostrou-se (incrivelmente) seguro na resposta dada.
“Tenho a convicção firme de que não teremos exploração de lítio na Serra d’Arga. Nem dentro, nem fora da zona protegida. O trabalho que temos vindo a desenvolver de valorização da Serra d’ Arga permite-nos hoje defender com muitas mais armas aquilo que é o património da serra”, disse Miguel Alves.
Para além disto, apontou, “todos os estudos indicam que a percentagem de lítio ali existente é mínima, sujeita à volatilidade do mercado”.
Em Vila Nova de Cerveira, também em entrevista à Rádio Vale do Minho, o candidato pelo PS mostrou-se totalmente desfavorável a esta exploração e garantiu que – caso fosse eleito – iria combater uma exploração de lítio no concelho.
“Não vejo, sinceramente, nenhuma mais valia para que haja uma exploração de lítio em Vila Nova de Cerveira. A minha posição é contra, porque não me parece que traga qualquer benefício para Vila Nova de Cerveira e para os cerveirenses”, disse Rui Teixeira.
Ambos os candidatos venceram as eleições. Hoje são presidentes de Câmara dos respetivos concelhos. Estão naturalmente muito satisfeitos.
Não vai haver nem prospeção nem exploração de lítio na Serra d’ Arga. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo Governo que, em comunicado enviado às redações, refere que “a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) promovida pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que sujeitou a análise oito áreas com potencial de existência de lítio, concluiu que em seis delas há condições para avançar”.
No entanto, “nos seis locais viáveis, é proposta uma redução de área inicial para metade”. Nos próximos 60 dias poderá avançar o procedimento concursal para atribuição de direitos de prospeção e de pesquisa de lítio.
Na mesma nota é dito também que “a AAE concluiu que nas áreas “Arga” e “Segura” as restrições ambientais inibem a prospeção e consequente exploração, ficando assim fora do objeto do futuro concurso”.
“No caso da área denominada “Arga”, verifica-se que, perante a sua expectável classificação como Área Protegida, mais de metade da superfície é considerada interdita ou a evitar. Na área denominada “Segura”, a prevista redefinição de limites da Zona de Proteção Especial do Tejo Internacional conduziu à sua exclusão”.
Nas restantes seis áreas, foram excluídas zonas de maior densidade urbana, funcional e demográfica, tendo ocorrido uma redução de 49% da área total inicialmente sujeita a
Avaliação Ambiental.
“Após o procedimento concursal e a prospeção (a decorrer num prazo máximo de cinco anos), poderá iniciar-se a exploração de lítio, com cada um dos projetos a ser sujeito a Avaliação de Impacto Ambiental”, lê-se ainda.
O relatório completo da Avaliação Ambiental Estratégica pode ser consultado no site da DGEG e da Agência Portuguesa do Ambiente.
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